MINISTRO AYRES BRITTO
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STF.
APOSENTADORIA DE AYRES
BRITTO É PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL
PRESIDENTE DO STF DEIXA TRIBUNAL PORQUE COMPLETA 70
ANOS NO DOMINGO (18).
JOAQUIM BARBOSA, QUE SERÁ O NOVO PRESIDENTE, TOMA
POSSE QUINTA (22).
A aposentadoria de Carlos Ayres
Britto como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) foi publicada nesta sexta-feira
(16) no "Diário Oficial da União". O decreto, assinado pela
presidente Dilma Rousseff, informa que ele estará aposentado a partir de sábado
(17), véspera da data na qual completará 70 anos, idade-limite para a
aposentadoria compulsória de servidores públicos. A curta gestão do ministro
Carlos Ayres Britto no comando do Supremo - sete meses - foi marcada por uma
série de julgamentos polêmicos e importantes. O ministro assumiu a presidência
da corte no dia 19 de abril de 2012, nove anos após ingressar no tribunal. Durante
sua gestão, Ayres Britto colocou em pauta o processo que legalizou no país a
união homoafetiva, a ação que autorizou o aborto de fetos anencéfalos e o
julgamento que confirmou a validade das cotas para negros em universidades. No entanto,
o ato que marcaria, definitivamente, seu mandato foi ele levar a julgamento a
ação penal contra os 38 réus suspeitos de envolvimento no esquema de compra de
votos parlamentares em troca de apoio político ao governo Luiz Inácio Lula da
Silva, o processo do mensalão. Apesar de ter ocupado mais da metade do mandato
de Ayres Britto na chefia do Judiciário, a sentença final contra os réus
condenados no mensalão acabará proclamada pelo seu sucessor, o ministro Joaquim
Barbosa, que também é relator da ação penal.
PERFIL
Natural de Propriá, município do
interior de Sergipe, Ayres Britto foi indicado para a mais alta corte do país
pelo ex-presidente Lula, em 2003. Em seu discurso de agradecimento à homenagem
que recebeu na última sessão da qual participou no STF, o chefe do Judiciário
ressaltou que o ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, advogado de um dos
réus do mensalão e seu ex-colega no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), tiveram papel crucial em sua ida para o Supremo. O atual
presidente do STF assumiu a cadeira vaga com a saída do ex-ministro Ilmar
Galvão. A posse de Ayres Britto na corte ocorreu em 25 de junho de 2003. Casado
e pai de cinco filhos, o magistrado se consolidou no meio jurídico como
professor universitário e advogado. Graduado em Direito pela Universidade
Federal de Sergipe, ele atuou como professor de Direito Constitucional em
instituições de ensino superior sergipana e também na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUCSP), na qual foi assistente do atual vice-presidente
da República, Michel Temer. Em Sergipe, também exerceu os cargos de
procurador-geral de Justiça e de procurador do Tribunal de Contas do Estado
(TCE). O ministro é autor de cinco livros sobre Direito Constitucional e
Administrativo. Juiz com veia poética, Ayres Britto é conhecido por recorrer a
citações de poetas consagrados e metáforas em seus votos no STF. Em abril,
durante o julgamento da descriminalização do aborto de fetos sem cérebro, o
ministro não poupou metáforas para defender a legalização do procedimento
cirúrgico. “O feto anencéfalo é uma crisálida que jamais se transformará em
borboleta, porque não alçará voo jamais. É preferível arrancar a plantinha
ainda tenra no chão do útero do que vê-la precipitar no abismo da sepultura”,
enfatizou. Ayres Britto já publicou cinco livros dedicados a poesias. O mais
recente deles, “Ópera do Silêncio”, saiu da gráfica em 2005. O presidente do
STF afirma que já concluiu seu sexto livro de poesias, porém, adiou o
lançamento da publicação para depois de sua aposentadoria para não coincidir
com sua gestão à frente da Suprema Corte.
DISCURSO DE DESPEDIDA
Em discurso de despedida do
Supremo na quarta (14), Ayres Britto afirmou que os dez anos no Supremo
passaram rápido. "[O tempo na corte] passou num estalar de dedos. O tempo
só passa veloz, célere, para quem é feliz. Para quem não é feliz, o tempo é
penoso, um fardo. A honra de pertencer ao Supremo Tribunal Federal é, como
disse Ophir Cavalcanti (presidente da OAB) citando Fernando Pessoa, arrumar as
malas para o infinito. Não temos nem o direito de ter mau humor, tamanha é a
honra de servir nosso país no Supremo Tribunal Federal." No discurso de
despedida, Ayres Britto disse ainda que o Supremo "está mudando a cultura
do país a partir da Constituição". "Somos os guardiões da
Constituição, os maiores, os mais altos, e retiramos dessa guarda nossa própria
legitimidade."
Fonte: Do G1, em
Brasília.
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