terça-feira, 13 de novembro de 2012

COMENTÁRIO 13/11/2012



COMENTÁRIO

RESSACA ELEITORAL

NOBRES:
Encerrado mais um ciclo do calendário eleitoral. Prefeitos e vereadores estão, teoricamente, próximos da vida dos cidadãos. O eleitor, como sempre, foi seduzido pelas mensagens do político. E nós, jornalistas, não conseguimos fazer o necessário contraponto. Reconhecemos que fomos capazes de produzir reportagens sobre o grande evento. Mas a hora é de reflexão e autocrítica a respeito da qualidade dessas coberturas. A imprensa não conseguiu romper a agenda dos candidatos. Ataques recíprocos baixariam e promessas, sem o devido contraponto, ocuparam ocasionalmente e raramente alguns programas. É difícil imaginar que os ouvintes em sua maioria ouviram pelo rádio ficaram visivelmente desencantado com o show eleitoral, tenha interesse por uma cobertura que não consegue ir além do espetáculo político. Assistiu-se a uma desintermediação de notícias em espécie. Em tese a imprensa, notadamente o rádio, o único veículo de massas não se mostrou capaz de fugir da pauta ditada pelos marqueteiros, para questionar os candidatos de forma objetiva sobre os problemas da cidade e suas promessas de campanha. Os programas eleitorais gratuitos vendem uma bela embalagem, mas, de fato, são paupérrimos na discussão das ideias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os candidatos. Só nós, podemos minorar os efeitos perniciosos de um espetáculo que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia verdadeira e amadurecida. As pesquisas eleitorais, por outro lado, podem contribuir para o estabelecimento do debate cívico. Elas representam uma manifestação concreta do direito à informação e democratizam o processo eleitoral. Mas a importância das pesquisas não elimina a necessidade do seu aprimoramento, sobretudo no que diz respeito à sua divulgação pela imprensa. O protagonismo excessivo das pesquisas na mídia empurra para segundo plano o debate das ideias, dos planos de governo e das políticas públicas. A participação da imprensa na divulgação dos resultados das pesquisas influi decididamente na configuração da opinião pública e da vida democrática. Impõem-se, por isso, cuidado redobrado e, sobretudo, bom adestramento técnico quanto ao procedimento das pesquisas. Por isso, uma cobertura de qualidade é, antes de qualquer coisa, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. A busca da isenção não exime o jornalista de questionar os candidatos e detentores de funções públicas. Transparência nos negócios públicos, ética, qualificação e competência são as principais demandas da sociedade. E são também as pautas de uma boa cobertura eleitoral. Deixemos de lado a pirotecnia e não nos deixemos algemar pelas necessárias pesquisas eleitorais. Nosso papel, único e intransferível, é ir mais fundo. A pergunta inteligente faz a diferença. Esta é razão para que tenhamos uma disputa eleitoral com transparência, longe do seu quase perfeito aprimoramento.
Antônio Scarcela Jorge.


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