Na negativa, Moro escreveu que o fato de "jornais e revistas terem especulado" sobre a investigação não altera a necessidade de sigilo.
O juiz Sergio Moro negou acesso aos advogados de João
Santana aos autos da investigação sobre pagamentos realizados pela Odebrecht ao
marqueteiro, responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma
Rousseff (2010 e 2014).
Segundo Moro, responsável pela Operação Lava Jato na
primeira instância, a abertura dos dados ao publicitário poderia pôr em risco o
rastreamento de recursos financeiros ou mesmo levar à destruição de provas.
"Foram instauradas investigações que ainda
tramitam em sigilo. Medida como rastreamento financeiro demanda para sua
eficácia sigilo sob risco de dissipação dos registros ou dos ativos. Como diz o
ditado, dinheiro tem coração de coelho e patas de lebre", escreveu o juiz,
em despacho datado de terça (16).
No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato
investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas
presidenciais em contas no exterior.
Na ocasião, tanto a Odebrecht quanto Santana se
recusaram a comentar, alegando que não tiveram acesso ao inquérito, conduzido
pela Polícia Federal em Curitiba.
A investigação tem um de seus focos em valores
recebidos por Santana em 2014, quando ele fez as campanhas de Dilma, no Brasil,
e de José Domingo Arias, derrotado no Panamá – país onde a Odebrecht tem forte
atuação. Logo após a publicação da reportagem, advogados do marqueteiro pediram
acesso à investigação junto à 13ª Vara Federal de Curitiba.
Na negativa, Moro escreveu que o fato de "jornais
e revistas terem especulado" sobre a investigação não altera a necessidade
de sigilo. O magistrado provoca Santana: "Evidente, querendo, poderá o
investigado antecipar-se à conclusão da investigação e esclarecer junto à
autoridade policial seu eventual relacionamento com o grupo Odebrecht".
No despacho, Moro menciona ainda manuscrito encontrado
na casa do lobista Zwi Skornicki, apontado pelo delator Pedro Barusco como
intermediário de propina. O documento é uma carta escrita por Mônica Moura,
mulher e sócia de Santana, indicando contas no Reino Unido e nos EUA. A informação
foi revelada pela revista "Veja", em janeiro.
"Eventuais condutas criminosas de Zkornicki ainda
estão em fase de apuração. Caso o requerente Santana tenha de fato alguma
relação com referida pessoa poderá igualmente antecipar seus
esclarecimentos à autoridade policial", escreveu Moro.
Outro lado
Procurados, João Santana e seu advogado, Fábio Tofic,
não quiseram se manifestar. Na ocasião em que pediu o acesso ao inquérito, a
assessoria de publicitário afirmou que ele "nunca negou que possui empresas
no exterior" e que Santana aguardaria "para apresentar os detalhes de
sua vida financeira às autoridades competentes". Na semana passada, a
Odebrecht também não quis se manifestar por não ter tido acesso ao inquérito.
Fonte: Agência Brasil.
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