COMENTÁRIO
SCARCELA JORGERELIGIOSIDADE GOVERNISTA.
Nobres:
A velha e manjada história do PT santificada por uma
ninharia de pouco mais de 5% do povo brasileiro, conforme pesquisas recentes ao
se posicionar a favor do atual governo petista tendo a frente à presidente
Dilma Rousseff, um segmento “eminente” e religiosamente petista (também aqui,
na terrinha, tem gente que são adeptos de Lula, ou melhor, do governo, não lhe
interessa quem seja – é fato que se identifica pelo caráter permanente até de
seus ancestrais, “que é cômodo está no bem bom!) e assim, não adianta expor a
realidade para esta gente. Os cegos da razão, e de boa visão para seus interesses
é a premissa da vida deles. São fatos
coincidentes e bem parecido, o que o presidente do PT Rui Falcão não emite uma opinião, não mobiliza
argumentos, não deflagra um debate. De fato, anuncia uma operação política
articulada pelo próprio Lula. Se levada adiante, ela será o maior de todos os
erros do ex-presidente. Lula encontra-se sob investigação. No âmbito da Lava
Jato, a Polícia Federal colhe informações sobre imóveis do Edifício Solaris, no
Guarujá, inclusive um tríplex reformado pela OAS para o ex-presidente. O
Ministério Público de São Paulo convocou-o a prestar depoimento sobre o
misterioso caso do sítio em Atibaia, que utiliza como se dele fosse
proprietário, reformado por um pool
de empresas envolvidas no petrolão. Ele também é investigado no âmbito da
Operação Zelotes, que trata de um suposto esquema de compra de medidas
provisórias. Na mira do texto de Falcão encontram-se as três investigações, que
jamais recebem menção explícita. “Nunca antes neste país”, escreve o presidente
petista, produzindo uma ironia involuntária, “um ex-presidente da República foi
tão caluniado, difamado, injuriado e atacado como o companheiro Lula”. Até aí,
nada. O trecho que interessa aparece na seqüência: “Inconformado com sua
aprovação inédita ao deixar o governo, o consórcio entre a oposição
reacionária, a mídia monopolizada e setores do aparelho de Estado capturados
pela direita quer convertê-lo em vilão”. Como a “oposição reacionária” e a
“mídia monopolizada” não têm poder para instaurar inquéritos, o alvo do chamado
à militância, são os “setores do aparelho de Estado capturados pela direita” isto
é, na deplorável linguagem escolhida pelo lulopetismo, o sistema de Justiça. As
investigações em curso evidenciaram que Lula recebeu favores extraordinários de
grandes empresas condenadas por corrupção em negócios com a Petrobras. A
promiscuidade entre o ex-presidente e os empresários corruptos foi tacitamente
admitida por Gilberto Carvalho, o principal lugar-tenente de Lula, que
qualificou os presentes como “a coisa mais natural do mundo”. No estágio atual,
a imagem do segundo “pai dos pobres”, propalado sucessor de Getúlio Vargas, já
sofreu ferimentos políticos talvez incuráveis. Mas, na esfera criminal, Lula só
será indiciado se emergirem sinais convincentes de que ele atuou para retribuir
os favores recebidos, subordinando o interesse público aos interesses dos
generosos empresários. Nesse contexto, o grito de guerra de Falcão parece uma
tentativa de intimidação da Polícia Federal, do Ministério Público e do
Judiciário. Na hipótese de inocência de Lula, é um erro dramático. Um raio no
céu claro? Não. Perto do texto de Falcão, no site do PT, encontra-se a
convocação da Frente Brasil Popular para um ato público em defesa de Lula,
diante do Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, em 17 de fevereiro, na
hora marcada para o depoimento do ex-presidente. A Frente Brasil Popular é formado
por PT, PDT e PCdoB, além de diversas entidades e movimentos sociais, como a
CUT, a UNE, o MST e a Associação Juízes pela Democracia. Na convocação,
denuncia-se uma “postura golpista e antidemocrática” de “setores do Poder
Judiciário”. De fato, o campo político liderado pelo PT está dizendo que
investigar Lula é uma ousadia inaceitável. A democracia exige o privilégio, a
desigualdade perante a lei, eis a estranha mensagem veiculada pelo lulopetismo
(e, curiosamente, por “juízes pela democracia” engajados numa mobilização
partidária contra o Judiciário). Um compêndio sintético dos erros de Lula
exigiria um pequeno livro. Contudo, até hoje, a lista não abrange um ataque
direto às instituições da democracia. No seu ativo, o ex-presidente tem o
respeito ao princípio da alternância no poder, sedimentado pela decisão de
virar as costas ao movimento continuísta ensaiado entre correntes do PT. Tem,
ademais, apesar de inúmeras hesitações, o reconhecimento das prerrogativas do
Judiciário, expresso nas suas declarações, à época do mensalão, de que “os
companheiros que erraram devem responder por seus erros”. A operação política
anunciada por Falcão e pela Frente Brasil Popular, que não existiria sem a
concorrência do próprio Lula, representará uma ruptura histórica. José Dirceu,
José Genoino, ergueram o punho para declararem-se presos políticos na hora da
execução de suas sentenças de prisão. Lula, porém, exercitou a prudência,
afastando-se sabiamente das manifestações dos seus. Preservou, com isso, o fio
que conecta o PT à democracia. Todos podem apontar, justificadamente, as
pequenas rebeliões petistas contra o sistema de Justiça. Ninguém, contudo, tem
o direito legítimo de atribuí-las ao núcleo dirigente do lulopetismo, que só
opera com o aval de Lula. A distinção não tem importância para as vozes
extremistas que pregam o banimento do PT, mas é crucial para a maioria moderada
da opinião pública. É ela que, agora, está em jogo. No ato diante do fórum da
Barra Funda, os militantes organizam-se para ecoar a palavra de ordem “Lula é
meu amigo; mexeu com Lula, mexeu comigo!” O PT está, inadvertidamente,
oferecendo uma perigosa sugestão. Será que Falcão usará a palavra “golpismo” se
Eduardo Cunha aparecer com uma chusma de apoiadores iracundos para intimidar
policiais, procuradores e juízes num futuro depoimento como investigado? Numa
democracia digna desse nome, o cidadão Lula da Silva não possui direitos
especiais, superiores ao do cidadão Cunha ou de qualquer anônimo. O cerco de um
fórum por milicianos, mesmo se desarmados, equivale a dizer que a lei é
propriedade de quem tem as ruas. Lula parece esquecer-se disso. Os demais
brasileiros lembrarão. Os daqui (grupo de interessados nas benesses que
nasceram, cresceram e “ansiaram” nas tetas do governo) deverão conhecer um
pouco sobre o lulismo que hoje que defende sistematicamente e com certeza
estarão a qualquer lado do governo, qual seja for.
Antônio Scarcela Jorge.
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