COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE
CORRUPÇÃO AS ALTURAS, A EDUCAÇÃO EM BAIXA.
Nobres:
Neste Brasil de meu Deus, onde os políticos fazem
imperar o “troca-troca - de corrupção por corrupção -”, um ato descaradamente
comum do corporativismo, enraizado na cúpula do governo. É bem provável que o
título deste “escrito” gere certa revolta antes mesmo que seja feita sua
leitura. É que recentemente, no Brasil, a impressão superficial é de que a
educação de fato entrou na pauta e nas preocupações dos lares brasileiros,
contudo, refletir sobre essa questão é a motivação do título provocativo,
afinal, será que de fato a sociedade valoriza e enxerga corretamente o papel da
educação? O questionamento é pertinente diante de um cenário em que cada vez
mais observamos vozes que falam de certa forma a mesma língua: “a educação é o
caminho para o desenvolvimento do País”, ou então, “temos que priorizar e
investir principalmente na educação”. Tais conceitos, que, diga-se, são
inquestionáveis, são evocados do cidadão mais humilde aos grandes meios de
comunicação. Todavia, se por um lado vemos que o assunto encontra-se em pauta
nacional, por outro é preciso observar até onde discurso e prática se une, ou
se separam. Na verdade, não se pode negar que geralmente esse é um tipo de
discussão em que se apresenta apenas um lado com erros: os governos.
Entretanto, seriam apenas os governos que mandam às favas a educação
brasileira? É preciso discutir até que ponto o conjunto da sociedade realmente
estabelece a educação como sua prioridade. Para uma sociedade que teoricamente
dá importância à educação, é no mínimo curioso observar o tratamento geral
dispensado aos acadêmicos de licenciaturas, nossos futuros professores. Não
será raro encontrar universitários que, ao responderem à simples pergunta “o
que estás cursando?” escutarem um “ah” muxoxo, cheio de pena e decepção. Isso é
apenas uma das confirmações do quanto ainda não se dá verdadeiramente a
importância da educação na nossa sociedade, em que quem opta pela carreira de
professor é uma figura praticamente passível de pena, fruto do descaso com uma
das profissões vitais a qualquer nação. Outro fenômeno que demonstra o quanto a
sociedade está longe de importar-se com a educação são os movimentos por
redução de salários de vereadores aos patamares dos salários de professores; ou
seja, como ato punitivo receba o mesmo que o professor. Mas o problema não está
em querer baixar salários de agentes políticos, mas sim no âmago da
problemática: a sociedade reconhece que a remuneração dos professores é baixa,
consegue mobilizar-se para baixar salários de seus líderes políticos, contudo é
incapaz de fazer a mesma coisa para remunerar justamente os professores de seus
filhos, ou seus próprios professores (ainda não vi mobilização social para
aumento de salário de professores, e, não raro, encontrar-se-á quem diga que o
que estes ganham é suficiente); ou seja, há nessas ações o reconhecimento
tácito da má remuneração de professores, contudo nenhuma ação social para que
se mude isso. Além disso, vemos cada dia mais uma responsabilização ampla da
educação sobre todos os males e problemas da sociedade, como se a escola fosse à
única tábua de salvação de um país. Não raro, muitas famílias vêem na escola
uma espécie de terceirização de toda a responsabilidade pela educação de nossos
jovens. Nunca é demais reforçar (inclusive está na lei) que a educação é uma
responsabilidade da escola e das famílias. A despeito de uma sociedade que diz
que a educação é essencial, ainda estamos longe de ações efetivas que
justifiquem o discurso, onde a mídia tem a missão propagadora em desviar os
meios, tudo em prioridade o desacertado corporativismo empregado por agentes
corruptos no seio do governo que estima a corrupção.
Antônio
Scarcela Jorge.
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