SENADOR DELCÍDIO DO
AMARAL DEIXA PRISÃO EM BRASÍLIA.
Petista
foi preso em novembro após oferecer dinheiro e fuga para delator.
Ele ficará em recolhimento domiciliar e poderá ir a sessões no Senado.
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) deixou na noite
desta sexta-feira (19) prisão no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do
Distrito Federal (BP Trans), onde estava preso desde
18 de dezembro. Ao todo, Delcídio cumpriu 87 dias de prisão
preventiva.
O parlamentar foi preso depois de pedido da
Procuradoria Geral da República (PGR) e autorização concedida pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da
Operação Lava Jato. Em novembro, ele foi gravado
oferecendo fuga para que ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não
fechasse acordo de delação premiada.
Relator dos processos da Operação
Lava Jato no STF, Teori determinou recolhimento domiciliar de Delcídio no
período noturno e dias de folga, enquanto no pleno exercício do mandato de
senador. Assim, Delcídio poderá comparecer normalmente às sessões do Senado.
Caso seja afastado ou cassado do mandato, Delcídio
deverá ficar em recolhimento domiciliar integral até nova demonstração de
ocupação lícita. O petista também deverá comparecer a cada 15 dias perante a
Justiça, bem como a todos os atos do processo, caso requisitado.
Ele também está proibido de deixar o país – o
passaporte do petista deverá ser entregue em até 48 horas.
Na decisão favorável ao senador, Teori Zavascki considerou ser “inquestionável” que o “quadro fático é bem distinto” daquele que possibilitou a prisão.
Na decisão favorável ao senador, Teori Zavascki considerou ser “inquestionável” que o “quadro fático é bem distinto” daquele que possibilitou a prisão.
“Os atos de investigação em relação aos quais o
senador poderia interferir, especialmente a delação premiada de Nestor Cerveró,
já foram efetivados. E o Ministério Público já ofereceu denúncia contra o
agravante. Assim, conforme reconhece expressamente a manifestação do Ministério
Público, a medida extrema já não se faz indispensável, podendo ser eficazmente
substituída por outras medidas alternativas”, escreveu o ministro em seu
despacho.
Em nota, o advogado de Delcídio, Mauricio Silva Leite,
afirmou que a decisão garante a Delcídio a possibilidade de exercer seu direito
de defesa com maior amplitude. “A decisão respeita, principalmente, a presunção
da inocência, prevista na Constituição Federal”, afirmou.
O senador deverá assinar um termo de compromisso e
caso descumpra as exigências, poderá voltar para a cadeia. Caso Delcídio venha
a perder o mandato, não haverá necessidade de uso de tornozeleiras eletrônicas,
como pediu a PGR. Para Zavascki, não há risco concreto para justificar a
medida. A decisão do ministro não impede que Delcídio tenha contato com os
demais parlamentares investigados, nao contrário do que havia solicitado o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Senado.
Mais cedo, o assessor de imprensa de Delcídio, Eduardo
Marzagão, disse a jornalistas que o petista ficou "emocionado"
com a notícia de que seria liberado da prisão. "Nas condições que ele
saiu, ele volta ao mandato imediatamente. Ele já está dentro do mandato. A
sentença que o colocou em licença naquela oportunidade, a nova sentença já o
coloca novamente no mandato. Ele já é senador novamente dentro do
mandato", disse Marzagão.
De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa do Senado,
uma vez solto, Delcídio do Amaral poderá retornar imediatamente às atividades
legislativas. O senador, no entanto, pode solicitar à Mesa do Senado uma
licença para tratar de assuntos particulares, o que precisa ser aprovado pelo
plenário da Casa. Neste caso, o senador deixaria de receber salário. Se o
afastamento das atividades for maior do que 120 dias, o suplente do senador
deverá assumir a cadeira do petista.
Prisão.
O senador foi gravado prometendo ao filho de Cerveró
conversar com ministros do STF para libertar o ex-diretor da Petrobras e sugerindo
plano de fuga para ele, rumo a Espanha e passando pelo Paraguai.
Segundo as investigações, Delcídio também prometeu
ajuda financeira de R$ 50 mil mensais para a família e honorários de R$ 4
milhões para o advogado em troca do silêncio de Cerveró em sua delação premiada
em relação a suspeitas sobre ele.
Após a prisão, Delcídio foi acusado pelo crime de
embraço às investigações da Lava Jato pela Procuradoria Geral da República.
Caberá agora ao STF decidir se abre uma ação penal contra ele, ao analisar a
denúncia.
Fonte: G1 – DF.
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