INQUÉRITO APURA SE LULA SE ENVOLVEU EM ESQUEMA DE MPS, DIZ PF.
Lula já foi ouvido na Zelotes, mas na condição de informante. Ele era presidente quando duas das medidas provisórias sob suspeita foram editadas.
Em ofício à Justiça Federal, o delegado da Polícia
Federal Marlon Cajado afirmou que inquérito em curso na Operação Zelote (s)
apura se mais agentes públicos estão envolvidos no suposto esquema de
"compra" de medidas provisórias, entre eles o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o secretário executivo do Ministério da Fazenda Dyogo
Oliveira e a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra.
O documento foi enviado no último dia 2 ao juiz
Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em Brasília, para justificar
críticas de advogados de que haveria um inquérito "paralelo"
investigando os mesmos fatos já denunciados à Justiça.
O delegado argumentou que, embora já houvesse provas
suficientes para denunciar dois ex-servidores públicos (Lytha Spíndola e Fernando
Mesquita), "os demais documentos juntados aos autos apontavam para
eventuais colaborações de outros servidores públicos para a consecução dos
interesses da organização criminosa."
"Buscando-se evitar conclusões precipitadas,
fez-se necessária a instauração de novo procedimento policial tentar alcançar a
verdade real sobre os fatos apurados, isto é, se outros servidores públicos
foram de fato corrompidos e estariam associados a essa organização criminosa ou
se esta estaria "vendendo fumaça", vitimando-os e praticando tráfico
de influência com relação aos mesmos, a saber, Erenice Alves Guerra, Dyogo
Henrique e Oliveira, Nelson Machado, Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou o
delegado.
Cajado alega que a denúncia contra parte dos
investigados no caso das MPs, já aceita e convertida em ação penal, foi
oferecida porque investigação a respeito era improrrogável por envolver pessoas
presas. Ele explica que outro inquérito foi aberto para averiguar a
possibilidade de "corrupção" dos outros servidores, pois ainda estava
pendente a análise de várias provas, incluindo o material apreendido em
computadores.
Lula já foi ouvido na Zelote (s), mas na condição de
informante. Ele era presidente quando duas das medidas sob suspeita foram
editadas, a MP 471/2009 e a MP 512/2010.
<O filho caçula do petista, Luís
Cláudio Lula da Silva, recebeu R$ 2,5 milhões de um dos lobistas presos na
Zelotes, acusado de atuar em suposto esquema de corrupção para atuar nas
normas. A PF suspeita de que os pagamentos possam estar relacionados à edição
de uma terceira norma, a MP 627/2013 e também à compra de caças pelo governo
brasileiro, naquele ano.
Questionado se o filho recebeu recursos como
compensação por ter atuado em favor das MPs e da transação dos caças, o
ex-presidente disse que as hipóteses são absurdas.
Erenice era "número 2" da presidente Dilma
Rousseff quando a petista chefiava a Casa Civil. Mais tarde, a substituiu no
comando da pasta. As MPs passam pelo crivo do órgão antes de ser editadas pela
Presidência. Documentos da Zelotes mostraram que Erenice se associou em
negócios a um dos investigados, José Ricardo da Silva, após deixar a Casa
Civil. Ela nega irregularidades.
Dyogo e Nelson Barbosa, que foi secretário executivo
da Fazenda na gestão Mantega, são citados em documentos apreendidos com os
lobistas que intermediavam interesses de montadoras de veículos no governo e no
Congresso. Eles também negam envolvimento em ilicitudes.
Propina.
No ofício, o delegado afirma ainda que não existam
elementos suficientes, por ora, para remeter a investigação ao Supremo Tribunal
Federal. No diário de um dos investigados, João Batista Gruginski, apreendido
pela PF, há menção a suposto pagamento de propinas aos senadores Renan
Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), fora o ex-senador Gim Argello
(PTB-DF). Congressistas, por lei, podem ser alvos de inquéritos criminais
perante a corte suprema.
"A nosso ver, se trata e única menção de nome de
parlamentares cuja corrupção em princípio não encontra amparo em outros
documentos juntados aos autos, o que denota a prática de mais um crime de
tráfico de influência atribuível aos acusados", justificou.
Cajado não descartou, contudo, o envio do caso à
"instância adequada" caso seja necessário.
O juiz Vallisney de Souza Oliveira decidiu, no entanto,
nesta quinta-feira (4) manter o caso na 10ª Vara, mas vai remeter para análise
do STF os documentos com as menções aos senadores e também os argumentos do
delegado. Caberá à Corte decidir se há necessidade de avocar a investigação.
Portal O Dia.
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