Brasil espera
ser 1o país a receber novo papa
A Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) espera que a primeira viagem internacional do novo pontífice
seja ao Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), após ser
surpreendida com a notícia de renúncia do papa Bento 16 nesta segunda-feira.
Bento 16 estava com presença prevista
na JMJ, organizada pela primeira vez em 1985 pelo papa João Paulo 2o. O evento
deve reunir milhões de católicos do mundo todo, sobretudo jovens, de 23 a 28 de
julho no Rio de Janeiro.
"Vamos rezar para ter a
presença do novo santo padre na Jornada Mundial da Juventude no Rio de
Janeiro", disse o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner.
Apesar da perda de milhões de
fiéis diante do rápido crescimento dos evangélicos e de outras religiões, o
Brasil ainda apresenta um maior número mundial de católicos --mais de 120
milhões, ou cerca de 70 por cento da população, de acordo com números do censo
2010.
Segundo dom Leonardo, os
preparativos para a JMJ devem continuar normalmente apesar do anúncio da
renúncia de Bento 16, e será "uma honra e uma alegria receber o novo papa
em sua primeira visita ao exterior".
O biólogo Thiago Pereira Gomes,
22, voluntário da JMJ, mostrou otimismo com a vinda do papa ao Brasil.
"Ele (Bento 16) não vindo,
virá outro tão santo quanto ele. Acredito que a escolha vai ser bem feita e a
gente vai esperar, porque eu, como voluntário da JMJ, estava ansioso pela
visita, então espero que venha pelo menos um sucessor dele e possa continuar
nos abençoando", disse Gomes, após missa na Igreja Nossa Senhora de
Lourdes, em Vila Isabel, no Rio.
Em entrevista coletiva, o
arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, disse "que os trabalhos
da Jornada Mundial da Juventude continuam da mesma forma como estavam sendo
preparados", acrescentando que também espera a visita do novo papa durante
o evento.
"Às vezes falando com ele
(Bento 16), ele sempre dizia que os papas sempre vêm às jornadas, dizendo
inclusive que ele ou o seu sucessor viriam", disse o arcebispo.
SURPRESA
Sobre a renúncia de Bento 16,
anunciada nesta manhã, o secretário-geral da CNBB disse que, apesar de receber
a notícia com surpresa, uma recente visita do papa ao túmulo de Celestino 5o, o
último papa a renunciar voluntariamente, em 1294, já havia levantado dúvidas
sobre sua permanência como líder da Igreja Católica.
"Quando ficamos sabendo da
visita, ficamos nos perguntando se havia uma surpresa. Sobre a renúncia em si,
acho que o santo padre agiu de maneira consciente. O motivo, de não ter forças,
é válido", disse dom Leonardo.
O papa Bento 16 surpreendeu o
mundo ao dizer que irá renunciar como líder da Igreja Católica em 28 de
fevereiro por não ter mais as forças necessárias para realizar os deveres de
seu ofício, tornando-se o primeiro pontífice desde a Idade Média a tomar
decisão deste tipo.
A expectativa é que um novo papa
seja escolhido dias antes da Páscoa.
O QUE ESPERAR DO NOVO PAPA
O Brasil tem sido nas últimas
décadas o lar de algumas das correntes mais liberais dentro da igreja, dos
monges e freiras progressistas que apoiaram causas de esquerda na década dos
anos 1970 as agentes de campo católicos que lutam contra trabalho escravo e
outros abusos de direitos humanos em áreas rurais do país.
Após a pausa nesta segunda-feira
para rezar na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, no Rio de Janeiro, a
consultora de software Ana Beatriz Couto de Andrade, 35, disse que um novo papa
deve aproveitar a oportunidade para colocar a igreja em sintonia com uma
sociedade em mudança.
Observando o crescimento de
crenças evangélicas e outras, ela disse que "a igreja poderia fazer mais
para que as pessoas se sintam bem-vindas".
"Muitas pessoas querem algo
em que acreditar, mas sinto que a igreja não é acessível", afirmou.
Como muitos católicos
brasileiros, o advogado Mércio Franco Maturano, 51, disse que a igreja poderia
se beneficiar de um papa nascido fora da Europa. Ele disse que seria errado,
porém, colocar a nacionalidade acima das habilidades de liderança e da
capacidade de atrair novos fiéis para a igreja.
"Você precisa de alguém
carismático", disse Maturano. "Você só precisa de alguém bom, não
alguém que está lá por causa de aonde ele veio", afirmou.
O aposentado Ary David de
Almeida, 83, acrescentou: "Não importa se ele é brasileiro,
latino-americano, africano ou o que seja. O que conta é a quão boa à pessoa é e
se ele é capaz de inspirar a Igreja Católica".
Mesmo os nãos religiosos avaliam
que seria importante para o novo papa ajudar a igreja evoluir, especialmente
pelo valor simbólico que pode ter para a sociedade em geral. "A igreja
ainda tem muito poder e se é capaz de progredir, então outras pessoas podem
estar dispostas a seguir", disse a economista Leila Marques, 26.
Fonte: O Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário