domingo, 24 de fevereiro de 2013

CORRIDA A SUCESSÃO PRESIDENCIAL DE 2014

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COM EVENTOS E DISCURSOS, PARTIDOS DÃO LARGADAS PARA ELEIÇÃO DE 2014.

A presidente Dilma Rousseff deu o tom do que se espera ser sua estratégia eleitoral para 2014 ao afirmar que os críticos de suas políticas sociais e econômicas sofrerão "prejuízos financeiros e políticos" e que o PT "não herdou nada" dos governos anteriores, pouco após ser lançada como candidata à reeleição pelo antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma fez as declarações num evento em São Paulo na noite desta quarta-feira que marcou os 33 anos do Partido dos Trabalhadores e os dez anos da legenda à frente do governo federal, no mesmo dia em que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para ser candidato em 2014, fez um discurso no Congresso, em Brasília, tecendo duras críticas ao PT, num sinal do que pode ser sua plataforma de campanha para tentar levar os tucanos de volta ao Planalto no ano que vem.

As declarações de Dilma chegaram após o discurso de Lula, que a lançou como o nome do partido para 2014. "Eles podem se preparar juntar quem quiserem, que, se eles têm dúvida, vamos dar como resposta a reeleição de Dilma em 2014", disse o ex-presidente.

Os desdobramentos também se deram após outra liderança política cotada para concorrer à Presidência, Marina Silva, ter lançado, no último fim de semana, o estatuto de um novo partido, com nome provisório de Rede Sustentabilidade.
Além deles, o também presidenciável Eduardo Campos (PSB), atual governador de Pernambuco, tem demonstrado movimentações de uma potencial campanha. Numa possível intenção de se distanciar do PT, ele, que é presidente nacional de seu partido, alegou "complicações de agenda" ao cancelar sua presença no evento petista.

Para José Álvaro Moisés, professor de ciência política da USP, a movimentação de Dilma, Aécio, Marina e Campos mostram que "a campanha para 2014 já começou".

Recados à oposição

Última a discursar no evento em São Paulo, Dilma rebateu a oposição, sem citar o PSDB em momento algum.

Ao comentar as críticas às suas medidas de combate à miséria, a presidente classificou como "estardalhaço" os que apontam que "supostamente" 2,5 milhões de pessoas não estariam sendo contempladas pelos programas de auxílio de seu governo.

"Essas vozes fizeram o mesmo estardalhaço quando, dez anos atrás, havia 40 milhões de brasileiros na miséria?", questionou.
Em outra mensagem aos adversários, Dilma afirmou que os que atacam suas políticas sociais e econômicas "desconhecem o povo brasileiro ou esse país", o que acarretará em "prejuízos financeiros e políticos".

No que pareceu ser uma resposta direta às críticas de Aécio Neves, a presidente rejeitou uma herança política do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Não herdamos nada, nós construímos", disse em referência aos dez anos do PT na Presidência.
  
CORRIDA PELO PLANALTO

A movimentação política no país a um ano e oito meses da próxima eleição presidencial mostra como alguns líderes começam a se articular para viabilizar suas candidaturas.

O evento do PT ocorreu um dia após Dilma anunciar medidas que, segundo ela, vão zerar o cadastro de brasileiros miseráveis.
A erradicação da miséria foi uma das principais promessas de campanha da presidente.

Tanto o anúncio no Planalto, na terça-feira, quanto o evento em São Paulo nesta quarta estão sendo consideradas ações que visam preparar o terreno à candidatura de Dilma.

A comemoração desta quarta-feira inaugura uma série de seminários organizados pelo PT em parceria com o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo para avaliar os dez anos de governo desde a posse de Lula, em 2003.

Na última terça, o presidente do PT, Rui Falcão, já havia confirmado que a presidente disputará a releição, dissipando rumores de que Lula poderia concorrer pelo partido.

Em contraponto ao tom comemorativo do evento petista, o principal cotado a disputar a Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), fez no Senado um discurso em que enumerou o que considera os "13 fracassos do PT" no governo.

O ato também tem sido interpretado como um passo de Aécio para firmar sua posição na próxima disputa eleitoral.

Em sua fala, o senador criticou, entre outros pontos, o baixo crescimento econômico na gestão Dilma (na América do Sul, só superior ao do Paraguai), as falhas na infraestrutura do país, as manobras contábeis para fechar as contas do governo de 2012 e a desvalorização de duas das principais estatais brasileiras, a Petrobras e a Eletrobrás.

Disse ainda que o PT não reconhece os avanços que o país teria obtido no governo FHC e que, segundo ele, permitiram as conquistas da atual gestão.

Marina Silva e Eduardo Campos

O gesto do tucano ocorre dias após outros dois políticos se movimentarem com vistas a 2014. No sábado, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva lançou seu novo partido, a Rede Sustentabilidade.

O partido precisa coletar 500 mil assinaturas em ao menos nove Estados para ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral até setembro, prazo para que a legenda tenha condições de concorrer na próxima eleição.

Ainda que sua candidatura em 2014 seja tida como certa caso o partido obtenha o registro, Marina tem dito que sua participação no pleito é uma "possibilidade", que deverá ser debatida com aliados.

Marina deixou o PT em 2009 e concorreu à Presidência pelo PV em 2010. Ela recebeu 20 milhões de votos e ficou na terceira posição. Após o pleito, deixou a sigla em meio a desentendimentos com sua cúpula.

Nos últimos dias, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) – também tem ensaiado passos para 2014.

Campos planeja cruzar o Brasil nos próximos meses para uma série de debates batizados de "Diálogos para o Desenvolvimento". Os encontros, segundo ele, terão como tema estratégias para que os brasileiros "saiam da dependência dos governos".

No entanto, o pernambucano, um dos governadores mais bem avaliados no país, também tem desconversado quando questionado sobre sua possível candidatura.

A postura de Campos em 2014 é alvo de grande especulação. Caso concorra à Presidência, acredita-se que ele possa enfraquecer o apoio a Dilma no Nordeste.

No entanto, sua sigla integra a coalizão governista e, ainda que venha adotando tom mais crítico ao governo nos últimos meses, ainda não anunciou a intenção de romper com o Planalto – gesto tido como condição para que lance candidatura no próximo pleito presidencial.

Estratégias

Segundo o professor da USP José Álvaro Moisés, os gestos dos presidenciáveis buscam, além de sinalizar claramente a intenção de concorrer ao pleito, checar qual a receptividade dos eleitores e qual o efeito desses movimentos em acordos políticos em vigor.

"Colocar o bloco na rua é uma condição para saber se vai ter gente atrás e se haverá banda para animar", afirma.
Moisés diz ainda que, caso os quatro venham a formalizar suas candidaturas, a próxima eleição deverá ser muito disputada.
"Num cenário com os quatro candidatos, provavelmente a eleição vai para o segundo turno".

Fonte: O Estadão.


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