segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ESTABILIDADE AMEAÇADA



Inflação alta expõe conflito na equipe econômica do governo

‘Divergência entre presidente do BC e ministro da Fazenda eleva incerteza sobre freio aos preços’

 
Menos de 24 horas depois que Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC), admitiu preocupação com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, o mais alto desde abril de 2005, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse não ver motivo de alarme.
 
A diferença de tom eleva a incerteza sobre qual será a estratégia do governo para combater a alta de preços, embora analistas já considerem alívio nos impostos, elevação de juro e dólar mais barato.

Num momento em que até a permanência de Mantega no governo está em discussão – apesar da garantia oficial de manutenção no cargo até 2014 –, a diferença de tom dos dois principais integrantes da equipe econômica aumenta as especulações sobre como o governo vai combater a alta de preços. Uma tática foi adiantada pela presidente Dilma Rousseff e seria anunciada logo após o Carnaval: a redução de impostos sobre produtos da cesta básica.

No entanto, dólar e juro também provocam debate entre economistas. Mantega assegurou que o governo não deixará que o dólar volte ao patamar de R$ 1,85 e está disposto a intervir no mercado de câmbio para impedir que isso ocorra. Na sexta-feira, BC ofereceu contratos que equivalem a compra de dólares no mercado futuro e garantiu fechamento estável da moeda.

Se for necessário, o ministro afirmou que poderá voltar a elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de dólares no país. No mercado financeiro, juros futuros cederam na sexta-feira, depois da forte alta do dia anterior. Outro índice de inflação divulgado na sexta-feira mostrou desaceleração na média, de 1,01% para 0,88%, mas Porto Alegre foi a capital em que os preços mais subiram: 0,93%.

Opções de combate

Visões antagônicas aumentam especulações sobre a estratégia de combate à inflação:

Elevação de juro

Na cartilha clássica, inflação alta se combate com aumento da taxa básica de juro. O que se diz, porém, é que a presidente Dilma não quer perder terreno numa conquista difícil, a poda das taxas para o consumidor. No mercado, as negociações de juros futuros já têm valores maiores.

Quem ganha: quem pretende aplicar dinheiro nos próximos meses. A próxima reunião do BC que poderia elevar o juro básico ocorre em 6 de março.

Quem perde: quem precisa recorrer a financiamento, que poderá enfrentar custo maior.

Freio no câmbio

Uma das causas da inflação mais alta é a elevação do dólar frente ao real, associada à percepção de que o BC havia definido um apertado intervalo de flutuação. Dólar mais caro eleva o custo de importados e de produtos que têm cotação internacional. No primeiro sinal de alarme com a inflação, o dólar cedeu.

Quem ganha:

Quem tem viagem ao Exterior marcada para os próximos meses, importadores e empresas que dependem de insumos importados.

Quem perde:

Exportadores, produtos que concorrem com importados ou têm dívidas a receber em dólares.

Alívio nos impostos

No Planalto, está em estudo uma redução ou até retirada de impostos sobre alimentos, especialmente os da cesta básica. Com menor tributação, o custo tenderia a cair, aliviando a pressão sobre a inflação. Há dúvidas, porém, se o repasse ao preço final é garantido.

Quem ganha: empresários e consumidores em geral.
Quem perde: o governo pode ter novas reduções de arrecadação.

Aposta na luz

Uma das teses de quem não considera a situação tão alarmante é o fato de que, a partir de fevereiro, os índices de inflação vão refletir a queda de 18% nas contas residenciais de luz, além de possíveis efeitos da redução da conta de energia das empresas, que pode se traduzir em preços menores de produtos.

Quem ganha: empresários e consumidores em geral.

Quem perde: as empresas de geração e distribuição de energia.

Fonte: Zero Hora.





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