Provocação: Legislativo X Judiciário
Barbosa diz que é
"especulação" a ameaça do novo comando da Câmara
Cúpula da
Câmara sinaliza que pode não cumprir decisão que determinou a cassação
automática do mandato dos quatro deputados condenados no julgamento do mensalão
O
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Joaquim Barbosa,
chamou de "especulação" nesta terça-feira (5) a ameaça da nova cúpula
da Câmara dos Deputados de não cumprir decisão do tribunal que determinou a
cassação automática do mandato dos quatro deputados condenados no julgamento do
mensalão.
Segundo
Barbosa, isso não deve ocorrer. Questionados pela Folha de São Paulo, cinco dos
sete integrantes do novo comando da Câmara eleitos ontem disseram que a palavra
final sobre a perda do mandato dos parlamentares condenados no mensalão é da
Câmara.
O
presidente do Supremo minimizou a articulação dos deputados. "A mim (isso)
não preocupa nem um pouco", afirmou ao deixar reunião do Conselho Nacional
de Justiça. Questionado sobre eventuais punições à Câmara pelo descumprimento
da decisão do tribunal. "Isso é só especulação. Não acredito que isso vá
ocorrer".
Quatro
parlamentares foram afetados pela decisão do Supremo: João Paulo Cunha (PT-SP),
Valdemar Costa Neto (PR-SP), José Genoíno (PT-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
A maioria
dos ministros da corte entendeu que cabe à Câmara só formalizar a perda dos
mandatos. Isso só ocorrerá após o julgamento transitar em julgado (quando não
há mais possibilidades de recursos). Não há data para isso.
A tese de
que cabe à Câmara decidir sobre a cassação dos mandatos é referendada pelo novo
presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Em janeiro, o
peemedebista já havia dito que a palavra final era da Câmara. "Não abro
mão de decidir, nem o Judiciário vai querer que isso aconteça", disse à
época. Ontem reforçou: "Essa é a lógica da Câmara, não é? Vai ser
finalizado aqui".
Do novo
comando da Casa, só o primeiro-secretário, Márcio Bittar (PSDB-AC), e o
terceiro, Maurício Quintela (PR-AL), defenderam o cumprimento da decisão do
STF.
Uma
alternativa que está sendo discutida por Alves e os demais integrantes da
cúpula da Casa é a criação de uma corregedoria independente à Mesa Diretora
para tratar de todos os processos e denúncias que envolvam parlamentares.
De acordo com o segundo vice-presidente, Fábio Faria (PSD-RN), o novo órgão
deverá ser composto por cinco deputados, sendo que um presidirá o colegiado.
Após decisão proferida pelo Supremo sobre o processo do mensalão a corregedoria
ficaria responsável por fazer um parecer sobre qual entendimento a Casa deve
tomar sobre o futuro dos mandatos dos condenados.
Fonte:
Agência Nacional.
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