TUMULTO MARCA
REUNIÃO DA COMISSÃO DE IMPEACHMENT.
Depoimento
de Lodi foi interrompido; discussões duraram três horas.
A
reunião da comissão que analisa o pedido de impeachment da presidente Dilma
Rousseff foi marcada, mais uma vez, por tumulto e bate-boca, reforçados pela
participação do público que acompanhava os depoimentos.
Apesar
do depoimento do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, ter transcorrido com
tranquilidade, a fala do professor de direito financeiro Ricardo Lodi Ribeiro
foi, desde o primeiro minuto dos 30 previstos, alvo de várias interrupções.
O
deputado Júlio Lopes (PP-RJ) fez diversas intervenções e questionou inclusive
os créditos atribuídos ao especialista, que é professor adjunto e não titular
da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). As discussões duraram três
horas.
“De
fato, sou adjunto de direito financeiro da Uerj. Sou também diretor da
faculdade de direito”, esclareceu Lodi. Mas a retomada do clima de
tranquilidade durou pouco.
Assim que Lodi disse que não estava falando como
advogado de Dilma e afirmou que atribuição de defendê-la seria da
Advocacia-Geral da União (AGU), novas polêmicas surgiram.
Parlamentares,
incluindo Júlio Lopes, afirmaram que a atribuição é de advogado pessoal e a
discussão tomou quase dez minutos do tempo reservado ao depoente. O presidente
da comissão, Rogério Rosso (PTB-DF), zerou o cronômetro, mas não foi
suficiente, e ofereceu um exemplar da Bíblia para os parlamentares consultarem.
A
audiência, que começou com atraso, foi novamente interrompida quando Júlio
Lopes reclamou da manifestação de funcionários da Câmara dos Deputados. Eles
portavam cartazes se posicionando contrários ao impeachment. Segundo ele, ao ir
ao banheiro encontrou funcionários da Casa com cartazes e manifestos. Para
parlamentares da base aliada, isso faz parte do processo democrático.
Clima
acirrado.
O
clima esquentou ainda mais quando Fernando Francischini (SD-PR) leu trechos do telefonema
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro Nelson Barbosa em que
tratam das investigações da Polícia Federal sobre o Instituto Lula.
“Não
podemos aceitar que um ex-presidente ligue e tente a intervenção direta em uma
investigação da Polícia Federal. Queria pedir que faça uma representação para
que possamos ouvir o ex-presidente Lula aqui na comissão”, defendeu.
De
outro lado, Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB criticou o “desrespeito” dos
integrantes da comissão com os dois convidados, devido às várias interrupções.
Rosso tentou inúmeras vezes, sem sucesso, apaziguar os ânimos, mas agravou os
debates quando rebateu a fala de Jandira que relatou o estresse ao dizer que a
“democracia é isto”, provocando mais polêmica.
“É fundamental registrar a competência técnica dos
dois expositores que trouxeram à luz a confusão no palanque político que foi
ontem”, disse ao mencionar os depoimentos dos juristas autores do pedido de
impeachment.
“Não há nenhum crime de responsabilidade aqui quando se fala de
meta fiscal. Há aqui uma enorme tentativa de criar um fato. Impeachment sem
crime de responsabilidade se chama golpe”, completou.
Fonte: Agência Brasil.
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