CÂMARA COMEÇOU A SELAR O DESTINO DE DILMA.
Sessão desta sexta terá explanações dos
acusadores e da defesa. Após três dias de debate, Casa definirá no domingo se
aceita processo de impeachment.
Quatro meses depois de o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), aceitar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff, a Casa começa nesta sexta-feira a definir o futuro da petista.
Os debates estão previstos para começar às 9 horas de
hoje.
A votação deve ocorrer neste domingo - e as chances de que Dilma escape
da aprovação do impeachment é cada vez menor.
Aberta a sessão, os juristas responsáveis por impetrar
o pedido de impeachment contra a presidente falaram por 25 minutos sobre a peça
de acusação.
Na seqüência, a defesa da presidente teve outros 25
minutos para falar.
Depois, até cinco representantes de cada partido, além
dos líderes das bancadas, falaram da tribuna.

A partir
das 14 horas de domingo terá início a sessão derradeira, em que os
parlamentares definem se aceitam ou não o processo contra a presidente por crime
de responsabilidade.
Para passar, o impeachment precisa do aval de 2/3 da
Casa - 342 deputados. Se passar na Câmara, o impeachment segue para o Senado.
Somente se os senadores aceitarem o processo, a
presidente Dilma Rousseff será afastada do cargo por 180 dias.
Ao longo desta semana, bancadas com as quais o
Planalto contava para barrar o avanço do processo abandonaram o barco
governista diante da pressão popular: PP, PSD e PTB, por exemplo, fecharam
maioria pelo impeachment.
Isso significa que, no domingo, os líderes dessas
legendas vão orientar os parlamentares a votar contra Dilma.
A posição do PP, o
partido com mais representantes entre os investigados na Operação Lava Jato,
foi uma das mais emblemáticas derrotas para o Palácio do Planalto, visto que o
governo chegou a oferecer à legenda o Ministério da Saúde e a presidência da
Caixa Econômica Federal.
Nem mesmo o saldo promovido por Dilma foi capaz de
conter o isolamento da petista.
Os contornos do fim do governo já se delineiam de
forma tão clara que, na última terça-feira, o Palácio do Jaburu, residência
oficial do vice-presidente Michel Temer, recebeu uma romaria de deputados de
diversos partidos.
Parlamentares que estiveram no local narraram um clima
de festa entre os presentes, com direito a fila de carros na entrada, rodas de
conversa entre os congressistas e a discussão de planos para um eventual
governo do peemedebista.
"Hoje, o Jaburu virou o Planalto", resumiu o
deputado Sandro Alex (PSD-PR).
No "beija-mão", o
vice-presidente da República também reforçou que vai precisar do Congresso para
tirar o país da paralisia e ponderou que uma solução aos problemas nacionais
não virá de forma rápida.
"O Michel estava na dele. Agora, começa a
trabalhar e a fazer política. Ele sabe que vai ter de fazer uma salvação
nacional e chamar todos os partidos para ter governabilidade", resumiu um
peemedebista.
Na tarde de quinta-feira passada, O PMDB formou
maioria pelo impeachment.
Estima-se que 90% da bancada vote contra Dilma no
domingo.
Aliado da presidente Dilma Rousseff, o líder do PMDB,
Leonardo Picciani (RJ), vai ter de seguir o posicionamento da maioria e
encaminhar, da tribuna da Câmara dos Deputados, voto favorável ao impeachment,
contrariando seu voto pessoal.
A decisão foi tomada em votação simbólica entre os 54
deputados presentes.
A bancada do PMDB na Câmara é a maior da Casa, sendo
formada por 67 parlamentares.
Estão presentes no encontro os ministros Celso
Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde).
Eles se licenciaram do
cargo nesta quinta-feira para votar a favor de Dilma no próximo domingo.
Diante da iminência do mau resultado no plenário da
Câmara, o governo entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal
para anular o processo.
E sofreu uma acachapante derrota na madrugada desta
sexta-feira, por 8 votos a 2.
Os ministros da mais alta corte do país entenderam que
não cabe fazer um "controle judicial" do teor do parecer do deputado Jovahir
Arantes (PTB-GO), que na comissão especial do impeachment afirmou haver
indícios de que a presidente cometeu crime de responsabilidade ao assinar seis
decretos de crédito adicional e praticar as controversas pedaladas fiscais, em
2015, envolvendo operações de crédito rural.
O processo de impeachment contra Dilma foi apresentado
pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal e está baseado
na acusação de que o governo promoveu uma verdadeira maquiagem contábil nas
contas públicas, escondendo da população a grave situação financeira da
administração pública.
A contabilidade criativa foi levada a cabo com as
chamadas pedaladas fiscais, consolidadas, por exemplo, por meio da edição de
decretos não numerados com liberação de créditos orçamentários. Este foi o
principal argumento utilizado pelo presidente da Câmara dos Deputados Eduardo
Cunha para aceitar a denúncia contra a presidente Dilma.
A prática de pedaladas fiscais viola a Lei de
Responsabilidade Fiscal, que proíbe que instituições como o BNDES e a Caixa
financiem seu controlador - neste caso, o governo.
Fonte: Reuters.
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