Executivos da construtora Andrade Gutierrez afirmaram,
em acordo de delação premiada, que pagaram propina em forma de doações legais
às campanhas da presidente Dilma Rousseff e de seus aliados em 2010 e 2014,
segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo publicada
nesta quinta-feira.
A informação teria sido detalhada pelo ex-presidente da
empresa Otávio Marques de Azevedo e pelo ex-diretor Flávio Barra e
sistematizada em uma planilha entregue à Procuradoria-Geral da República.
Não está claro se o valor foi repassado ao comitê de
Dilma ou ao Diretório Nacional do PT. Em 2014, a campanha de Dilma recebeu 20
milhões de reais da empresa.
Azevedo contou aos procuradores que a propina se
refere a contratos para a execução das obras do Complexo Petroquímico do Rio,
da usina nuclear de Angra 3 e da hidrelétrica de Belo Monte.
Na tabela, a
empreiteira divide as doações em "compromissos com o governo" e a
"parte republicana". A primeira seria a propina e a segunda, a doação
espontânea.
A planilha também cita doações para o Diretório
Nacional do PT nas eleições municipais de 2012, além das de 2010 e 2014. A
delação dos executivos também trata de pagamento de propina referente a obras
realizadas em estádios para a Copa do Mundo de 2014.
Em nota, o coordenador jurídico da campanha da
presidente Dilma, Flavio Caetano, negou qualquer irregularidade nas doações
feitas à petista.
"Toda a arrecadação da campanha da presidente de 2014
foi feita de acordo com a legislação eleitoral em vigor. Em nenhum momento, nos
diálogos mantidos com o tesoureiro da campanha sobre doações eleitorais, o
representante da Andrade Gutierrez mencionou obras ou contratos da referida
empresa com o governo federal", escreveu o coordenador.
Ele também lembrou que o candidato adversário recebeu
mais da Andrade Gutierrez do que a presidente.
A campanha de Aécio Neves (PSDB)
ganhou 200.000 a mais do que a de Dilma. Os delatores, no entanto, não citaram
o tucano em seus depoimentos. A defesa da Andrade não se pronunciou sobre o
caso.
Fonte: G1 – DF.
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