COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE
O BRASIL SE ENGANOU.
Nobres:
Algo bem semelhante ocorre com relação a Lula e o seu
anarquismo nos faz pensar que algo semelhante à ditadura cubana poderia estar
em curso no momento aqui no Brasil. Só não acontece, prevejo pelo medo que os
petistas têm do exército do qual, no fundo, no fundo, eles gostariam de ter o
apoio. Quando a esquerda, através da voz não só dos partidários, mas também de
artistas e intelectuais, além da maioria dos sindicatos, grita “não vai ter
golpe”, Lemos nas entrelinhas que falta acrescentar à frase a expressão “da
direita”, uma vez que o golpe de esquerda está sendo articulado. A tentativa da
presidente Dilma de impor Lula como principal ministro de seu governo é a prova
disso. Assim como Fidel Castro, a presidente não gostaria de ter oposição. Qualquer
pensamento contrário ao governo é visto como “golpe”, “ódio”. Como não podem
prender ou pôr em um paredão de fuzilamento quem é crítico do governo, o
recurso utilizado é humilhá-lo publicamente, como fizeram há poucos dias com o
ator e diretor de teatro Cláudio Botelho, que ousou, a partir da arte, ou seja,
de forma velada, sem citar nomes, como Chico Buarque havia feito em “Apesar de
você”, e dentro de um texto poético, levantar sua voz. Foi vaiado por uma boa
parte da platéia (até aí normal dentro de um espetáculo que não agrada ao
público) e impedido de dar prosseguimento ao espetáculo, que acabou tendo que
ser cancelado, sob os gritos de ordem dos defensores governistas, “não vai ter
golpe”. Como se não bastasse, seu desabafo com uma colega no camarim foi
gravado. Ao dizer a expressão “nego”, hoje vista como politicamente incorreta
(mas que serve tão somente para designar uma pessoa, algo como “cara”,
“indivíduo”, segundo o Dicionário Houaiss), o ator foi tachado como racista por
um grupo de mídia alternativa que, mesmo sendo criado para se contrapor à
manipulação da grande imprensa, usa do mesmo recurso para estabelecer seu ponto
de vista. Uma “Extraordinária e Eficaz Máquina para Fabricar Calúnias. Para
piorar, Chico Buarque, cujas músicas eram a inspiração da peça, proibiu que sua
obra fosse utilizada, logo ele que foi censurado durante a ditadura. Por tudo
isso, a vítima da humilhação teve que pedir publicamente ao compositor oficial
do governo brasileiro um “meu caro amigo me perdoe, por favor”. Em Cuba,
chamariam essa atitude de ato de contrição política, de acordo, mais uma vez,
com Cabrera Infante, que morreu no exílio em 2005. Tempos confusos estes.
Aqueles que lutaram contra o poder, hoje o defendem e usam desse poder para
coagir os demais. Escritores assinam manifestos em defesa de um governo
corrupto e reagem fortemente contra quem deseja ver na cadeia o seu líder maior
que está sendo investigado. Manifestantes saem às ruas desejando a morte de um
juiz que ousou “PeiTar” um ParTido e usuários de redes sociais são humilhados
por pensar por conta própria, não sendo subservientes ao seu Messias e
seguidores. O que há de diferente de uma ditadura militar ou de uma ditadura
cubana é que os que estão no governo não têm, pelo menos até agora, o apoio
necessário para se perpetuar no trono. Não me espantaria, no entanto, se
conseguissem, pois, mesmo depois de todos os escândalos envolvendo a alta
cúpula petista, o dinheiro e as promessas de cargo para os partidos continuam
sendo usados para evitar o impeachment. Como cantaria o Chico Buarque em outra
época, estamos vivendo em mais uma “página infeliz de nossa história”. Apesar
de “Chico” no momento ter “amnésia política” ou está cego da razão.
Antônio
Scarcela Jorge.
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