GOVERNO TRABALHA
PARA EVITAR 7 A 1; PMDB ESTRANHA SILÊNCIO DE LULA.
<O
silêncio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou desconfiado o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Em conversas
reservadas, Renan disse que não fala com Lula desde março. O líder do PMDB no
Senado, Eunício Oliveira (CE), também afirmou não ter sido procurado pelo
ex-presidente.
"Achei até estranho", observou Eunício, que
foi ministro das Comunicações no governo Lula.
Nos bastidores, o comentário é
que o petista considera muito difícil, no atual cenário, barrar a abertura do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara.
Tudo está sendo
feito, porém, para evitar uma derrota humilhante. "Não pode ser um 7 a 1
porque, se for assim, não há chance de segurar no Senado", disse um
auxiliar de Dilma, em referência à goleada da Alemanha sobre o Brasil, na Copa
do Mundo de 2014.
<Eunício é o nome mais cotado para ser, no Senado, o
relator do parecer que analisará o pedido de afastamento de Dilma, caso o
processo seja mesmo aprovado pela Câmara.
Sempre teve bom relacionamento com
Lula, mas, nos últimos tempos, está distante. Em março, em entrevista ao Estado, o senador
disse que, se a situação de Dilma se complicasse, o vice-presidente Michel
Temer e o PMDB estavam "preparados" para assumir.
Apesar da
declaração, Eunício fez coro com Renan e achou "precipitada" a
decisão do PMDB de antecipar a reunião do Diretório Nacional para selar o rompimento
com o governo, no último dia 29.
Impedido de despachar no Planalto por causa da
nomeação suspensa para a chefia da Casa Civil, Lula passou esta quarta-feira,
14, recebendo deputados e dirigentes de partidos da base aliada no hotel Royal
Tulip, transformado em Q.G das negociações para derrubar o impeachment.
À
tarde, ele conversou novamente com o presidente do PR, Valdemar Costa Neto, que
foi condenado no caso do mensalão e chegou a cumprir pena.
Mais da metade da bancada do PR - composta por 40
deputados - ameaça votar a favor do afastamento de Dilma, engrossando a lista
dos aliados dissidentes.
Embora avalie a situação de Dilma como "muito
complicada", Lula ainda não jogou a toalha.
Nos encontros que tem mantido
com políticos, ele recorre a uma frase de impacto: "Pense que você será
responsabilizado pelo que acontecer neste País".
Os movimentos do ex-presidente, porém, ainda provocam
dúvidas até mesmo no Palácio do Planalto.
Na sexta-feira, por exemplo, ao
participar de um encontro com estudantes e profissionais da Educação, em São
Paulo, Lula reiterou críticas a Dilma e à política econômica do governo.
"Eu fico pensando porque a Dilma incomoda tanto a
eles. A Dilma deveria estar incomodando a nós, que não gostamos do pacote de
reforma que ela apresentou no final do ano", afirmou o ex-presidente na
ocasião.
"Nós queremos ajudar a Dilma a mudar, a fazer uma política que
possa ter esperança para o nosso povo.
Não queremos um ajuste que só faça
corte, corte, corte. Não somos tesourinha.
Nós queremos um ajuste que faça
crescimento, crescimento, crescimento."
Fonte: Portal O Estadão.
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