Ex-tesoureiro do PT foi interrogado na 27ª fase da Operação Lava Jato.
Segundo Delúbio, publicitários pediram apoio do PT à disputa eleitoral.
Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-tesoureiro
do Partido dos Trabalhadores (PT) Delúbio Soares afirmou que o empréstimo de R$
12 milhões feito pelo Banco Schahin a José Carlos Bumlai "remonta" à
campanha municipal de Campinas (SP), em 2004.
Ele negou saber como foi feito o empréstimo. Segundo o
Ministério Público Federal (MPF), em 2004, o Banco Schahin emprestou R$ 12
milhões a José Carlos Bumlai, porém, o destinatário real seria o PT.
"Que perguntado se tem conhecimento das
nem que ocorreu o empréstimo de R$ 12.000.000,00 pelo Banco
Schahin para José Carlos Bumlai, respondeu que o que sabe sobre o assunto
remonta à campanha eleitoral municipal de Campinas/SP, em 2004".
De acordo com o relato de Delúbio Soares, à época, os
publicitários do Dr. Hélio, candidato do PDT que foi ao segundo turno o
procuraram pedindo o apoio do PT, que não tinha ido para o segundo turno.
Conforme ex-tesoureiro, eles gostariam de um apoio financeiro de cerca de R$ 5
milhões, valor que, segundo Delúbio Soares, o partido não dispunha.
Então, os
publicitários perguntaram se o recurso poderia ser arranjado por conta própria
e Delúbio Soares disse não ver problema em que os publicitários conseguissem o
recurso dessa maneira, de acordo com o depoimento do ex-tesoureiro à PF.
Dias depois, Delúbio Soares relatou ter sido procurado
por Sandro Tordin, presidente do Banco Schahin entre 1998 e 2007, junto com os
publicitários. Na ocasião, Sandro Tordin perguntou ao ex-tesoureiro se a
eleição de Campinas era importante para o PT.
Delúbio Soares respondeu que sim,
já que a disputa era entre PDT e PSDB. Conforme o ex-tesoureiro, nesta reunião
não foi falado sobre empréstimo ou valores. Delúbio Soares disse que desconhece
o fato de que Sandro Tordin ou o Banco Schahin fossem realizar empréstimo por
causa dessa conversa.
Desconhecimento.
Além disso, o ex-tesoureiro do PT disse que nunca
abordou Salim Schahin, acionista do Grupo Schahin, sobre qualquer assunto
relacionado a serviço prestado pelo Banco Schahin ao partido.
Quanto a João Vaccari Neto, que também é ex-tesoureiro
do PT e já foi condenado pela Lava Jato, cumprindo pena em presídio na Região
de Curitiba, Delúbio Soares afirmou que não negociou com Vaccari a contratação
da Schahin como operadora de navio-sonda da Petrobras.
Delúbio Soares ainda
disse que não conhece Ronan Maria Pinto, que desconhece o envolvimento dele com
o PT e que não sabe informar qual a razão dos R$ 6 milhões emprestados pelo
pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin e destinados a Ronan. O
valor total do empréstimo feito por Bumlai foi de R$ 12 milhões.
Condução
coercitiva.
Contra ele, foi
cumprido um mandado de condução coercitiva, ou seja, o ex-tesoureiro foi levado
para a superintendência da PF, em São Paulo, para prestar depoimento.
O
conteúdo da oitiva foi disponibilizado no processo eletrônico da Justiça
Federal nesta segunda (4).
Preso temporariamente na sexta-feira, Ronan Maria
Pinto se tornou alvo da Lava Jato por, segundo as investigações, ser o
beneficiário final de R$ 6 milhões desviados da Petrobras por meio de um
empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto ao Banco Schahin.
O objetivo
seria quitar dívidas do PT. Ronan Maria Pinto é dono do jornal "Diário do
Grande ABC" e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo.
Bumlai é réu na Lava Jato e foi preso na 21 ª
etapa da operação, em novembro de 2015. O pecuarista responde pelos crimes de
corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. Em março deste
ano, Bumlai foi transferido para prisão domiciliar com
tornozeleira eletrônica devido a um câncer na bexiga.
Carbono 14.
A 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono
14, identificou um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras: o
empresário paulista Ronan Maria Pinto.
Os recursos vieram de um empréstimo fraudulento que o
pecuarista José Carlos Bumlai obteve junto ao Banco Schahin em outubro de 2004.
> ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, ele admitiu fraude no empréstimo,
que totalizou R$ 12 milhões, e disse que o objetivo era pagar dívidas de
campanha do PT e "caixa 2", sem citar nomes.
Investigadores ainda não confirmaram quem foram os
destinatários finais dos outros R$ 6 milhões.
O empréstimo com o banco foi pago por meio da
contratação fraudulenta do Grupo Schahin como operador do navio-sonda Vitória
10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão.
Como foi
favorecido para obter o contrato, parte do lucro dele na operação quitou o
débito.
Ronan foi preso em Santo André, na Grande São Paulo, e
será levado à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Ao todo, a operação cumpriu 12 mandados judiciais e
foi chamada de Carbono 14, porque remete a episódios antigos e não
esclarecidos.
– Objetivo: descobrir os beneficiários do esquema investigado.
– Mandados judiciais: 2 de prisão, 2 de condução coercitiva e 8 de busca e apreensão.
– Presos temporários: Ronan Maria Pinto, empresário, e Silvio Pereira, ex-secretário geral do PT.
- Conduções coercitivas: Breno Altman, jornalista, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.
– O que descobriu: Um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai no banco Schahin, em 2004, tinha como um dos beneficiários finais Ronan Maria Pinto, que recebeu R$ 6 milhões.
– O que falta apurar:
A razão do pagamento a Ronan Pinto.
Qual é a relação entre o repasse e o esquema de corrupção em Santo André;
Para onde foram os outros R$ 6 milhões do empréstimo.
Quem é
quem na 27ª fase da Lava Jato:
– Ronan
Maria Pinto.
Empresário do ABC que atua no setor de transporte e
coleta de lixo e é dono do jornal "Diário do Grande ABC". Em 2015 foi
condenado a mais de 10 anos de prisão por ter participado de um esquema de
corrupção na prefeitura de Santo André entre 1999 e 2001. O nome dele também
apareceu na Lava Jato depois da prisão do pecuarista José Carlos Bumlai.
– Silvio
Pereira, o Silvinho;
Envolveu-se no mensalão do PT ligado ao ex-ministro da
Casa Civil José Dirceu.
O secretário-geral do partido chamou a atenção pela
primeira vez, em 2005, com a revelação de que havia recebido de presente uma
Land Rover da empresa GDK, fornecedora da Petrobrás.
Em seguida, ele pediu para se desfiliar do PT e
anunciou que abandonaria a política.
Antes de ser julgado, fez um acordo para
prestar serviços comunitários e não ser preso.
O nome dele voltou a aparecer
agora, na Lava Jato, em delação premiada do empresário Fernando Moura. Ele
disse que uma vez pegou R$ 600 mil em dinheiro na casa de Silvinho.
Segundo
Moura, a quantia tinha sido entregue por uma fornecedora da Petrobrás.
Em outro depoimento, Moura disse que o
ex-secretário-geral do PT recebia "um cala boca" de dois empreiteiros
para não falar o que sabia sobre o esquema.
– Delúbio
Soares.
Era tesoureiro do PT e foi condenado a 6 anos e 8
meses de prisão por corrupção ativa no caso do mensalão.
Foi preso em 2013, e
em 2014 foi autorizado a cumprir pena em prisão domiciliar.
No fim do ano
passado, o STF concedeu a ele o perdão da pena.
– Breno
Altman.
É um jornalista ligado ao PT e ao ex-ministro José
Dirceu. O nome dele já havia sido citado no esquema do mensalão pela contadora
Meire Poza.
A Polícia Federal disse que Altman é o elo entre o PT e Ronan Maria
Pinto.
Meire disse em depoimento que recebeu do jornalista R$
45 mil em três parcelas para que fosse feito o pagamento da multa de um dos
condenados por lavagem de dinheiro no esquema do mensalão, Enivaldo Quadrado,
sócio da corretora Bônus Banval.
Fonte: G1 – PR.
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