SCARCELA JORGE
MORALISMO IMORAL.
Nobres:
O projeto do anarquismo lulista e que certamente Dilma
Rousseff, cassada, fecha um ciclo de expansão das esquerdas brasileiras, que
tentaram implantar a revolução pelo voto. É preciso dizer que o PT quase
conseguiu, faltou apenas o passo decisivo para controlar o Congresso Nacional.
Fracassou, todavia. Na tentativa de subjugar o Parlamento, o PT inventou o
mensalão e o petrolão, apostou forte na via da corrupção como atalho para o
poder total. Diga-se que é preciso muita incompetência para pôr 2/3 do
parlamento contra si, sendo o partido governante. O descalabro administrativo foi
decisivo. Certo que o PT falhou porque acidentalidades ocorreram, trazendo transparentemente
a desfaçatez política. Primeiro, com Roberto Jefferson, um sócio menor do poder
petista que por picuinhas resolveu botar a boca no trombone e gostou do palco
da denúncia. Derrubou José Dirceu e a cúpula do PT, abrindo o caminho para que
a Operação Lava Jato, que nasceu também de um fato fortuito, empreendesse a
mais espetacular ação contra a corrupção da história do Brasil. As
acidentalidades tiveram o papel catalisador de unir os brasileiros de bem
contra as falcatruas petistas. A Justiça fez seu papel, aí incluído o STF, tão
sujeito a críticas, mas que, nos momentos decisivos, cumpriu a lei. Um passo
decisivo para o isolamento da presidente Dilma Rousseff, foi a forma como ela se
comportou após ser reeleita, não percebendo que o País estava dividido e que
sua eleição tinha um viés de representação, ou seja, ela não era uma governante
legítima porque usou de expedientes repudiados pelos formadores de opinião. Ao contrário
de fazer uma realista análise do cenário, ela se comportou como se tivesse
ganhado o mandato para cumprir a sua plataforma revolucionária. Erro colossal
cometeu ao tentar fazer presidente da Câmara dos Deputados um camarada seu,
contra a força objetiva que representava o PMDB naquela Casa, que acabou por
eleger Eduardo Cunha. Este, empossado, arquivou a agenda revolucionária da
presidente. A beligerância se intensificou entre os poderes. Dilma Rousseff não
percebeu que precisava recuar para administrar o dia a dia. A crise econômica,
nascida da imperícia e da incompetência dos gestores do PT, bem como da farta
irresponsabilidade fiscal praticada para pagar a sua reeleição, agravou-se
veloz, levando a presidente a amargar as mais baixas taxas de popularidades de
um governante da história da República. Ela foi o motor que levou as multidões
às ruas contra o seu governo, juntamente com a crescente indignação provocada
pelas revelações paulatinas da devastadora indústria de corrupção. Crise
econômica e crise moral de mãos dadas foram construir a maioria que cristalizou
a possibilidade de impeachment. Dilma Rousseff e o PT voltaram ao gueto
originário de minoria ativista perigosa, que tentava impor aos brasileiros sua
visão de mundo estreita, nela moldando as leis e as instituições. A repulsa se
converteu na vontade majoritária do Parlamento. A aliança que sustentou o PT no poder incluía o Centrão patrimonialista que,
saciado em suas demandas, deixou o projeto de poder prosperar sem maior
preocupação. Esse mesmo Centrão corrige agora o seu erro ao impor ele mesmo a
saída da presidente, dando voz e expressão política à maioria da Nação.
Antônio
Scarcela Jorge.
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