Relator condena Dirceu por formação quadrilha
O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do
mensalão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), condenou 11 dos 13
réus acusados por formação de quadrilha, entre eles o ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu, apontado como o comandante do esquema. O relator afirmou que eles
se associaram para cometer crimes contra a administração pública e contra o
sistema financeiro nacional, além de lavagem de dinheiro. A maioria dos réus já
foi condenada por esses crimes no julgamento de itens anteriores desse processo.
O ministro considerou que os três núcleos - político, operacional ou
publicitário e o financeiro apontado na denúncia do Ministério Público
trabalhavam de forma conjunta para corromper parlamentares com a finalidade de
ampliar e manter a base aliada ao governo na época, praticando crime.
"Havia divisão de tarefas no grupo, comum aos grupos organizados formados
para cometer crimes", disse o ministro. Delúbio, afirmou o ministro, era
responsável por indicar os nomes dos beneficiados e os valores a serem
entregues. Esses recursos, continuou Barbosa, eram lavados por meio do Banco
Rural, que, por sua vez, ocultava os reais beneficiários nas informações que
encaminhava ao Coaf e ao Banco Central. Genoino, afirmou o relator, fazia a
"interlocução política do grupo comandada por Dirceu, formulando propostas
de acordo aos líderes dos partidos a compor a base aliada". De acordo com
Barbosa, o então presidente do PT afiançava as operações de crédito simuladas,
que tinham a finalidade de lavar valores e encobrir a injeção de capital feita
pelo núcleo financeiro ao esquema. O relator do processo entendeu ainda que
houve a tentativa de dar uma aparência real ao empréstimo simulado com o
pagamento dos empréstimos feitos pelo PT aos credores. Ele contestou a sustentação
da defesa na qual a quitação é uma prova de que os negócios eram legítimos. Para
relacionar o núcleo publicitário com os demais núcleos, o ministro ressaltou
que o empresário Marcos Valério agia como intermediário, agendando reuniões
entre José Dirceu e Kátia Rabello, presidente do Banco Rural e integrante do
núcleo financeiro, de acordo com a denúncia do Ministério Público. De acordo
com o ministro, o grupo de Marcos Valério teria produzido em torno de 80 mil
notas fiscais falsas. Para condenar os integrantes do núcleo financeiro, o
ministro afirmou que eles atuaram para dissimular os reais beneficiários do
mensalão, após a realização de empréstimos bancários fraudulentos. "Os
integrantes do núcleo financeiro ingressaram na quadrilha em troca de vantagens
indevidas". Uma das vantagens, segundo o relator, era o interesse no
processo de liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, do qual o Rural era
acionista. O ministro condenou José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino,
Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Rogério Tolentino, Simone
Vasconcelos, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Kátia Rabello. O
ministro absolveu a ex-vice-presidente do Banco Rural Ayanna Tenório, apontada
como participante do núcleo financeiro, e Geiza Dias, ex-gerente financeira da
SMP&B, empresa de Valério, do núcleo publicitário.
Fonte: Agência Estado
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