COMENTÁRIO
DE CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
À CONDENADO POR CORRUPÇÃO ATIVA
Fica mais que provado que optar por caminhos
tortuosos não é a maneira coerente que possa galgar os degraus lícitos no
sentido de chegar com excessiva “velocidade” ao supremo poder da nação. Reportemo-nos
a longa trajetória de uma personalidade política que quase chegou aos pícaros
da glória, conquistada antes por mérito, navegando pelas ondas da política e que viu “ morrer na praia”. Diante deste contexto afirmei a história da
política nos anos sessenta. Do outro lado do regime se destacava a figura revolucionária
de José Dirceu se tornou marcante naquele momento que o país evidenciava um
processo de exceção da democracia, implantado pelo regime militar que perduraram
os exatos 21 anos. Ao ascender o poder
sob o comando do seu fiel companheiro de luta o presidente Lula, aliado aos
seus méritos foi nomeado Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da
República, uma Pasta de comando político do governo da república no atual regime
presidencialista. - Esta “metamorfose” -
se deu numa figura que imaginamos encaixaria no padrão ético antes, determinado
pelo princípio de ideologia petista: ledo engano. Fruto de ações supostamente
sob seu comando veio desmoronar toda projeção a ser colocada em pauta que
naturalmente virou utopia. Em síntese: a condenação imposta nesta terça-feira
pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu o ex-ministro da Casa Civil
José Dirceu como chefe da organização criminosa que operou o mensalão, é mais
um looping na biografia do petista, considerado o homem forte do começo do
governo Lula. Aos 66 anos, Dirceu, que um dia sonhou e se preparou para ser
presidente da República, se apronta para virar mártir do partido que ajudou a
fundar. Para a militância, será o ícone de uma punição de contornos mais
políticos do que jurídicos. Muito do culto reside na trajetória de Dirceu.
Mineiro de Passa Quatro, migrou para São Paulo aos 15 anos, no começo da década
de 60. Acadêmico de Direito, dono de vistosos e longos cabelos negros, virou
uma espécie de pop star da esquerda. Era vigiado pela polícia, andava sempre
armado, evitava dormir na mesma casa, porém acabou preso durante o 30º
Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Dirceu passou um ano detido,
foi solto na troca de presos políticos pelo fim do sequestro do embaixador norte-americano
Charles Elbrick. Exilado em Cuba, aprendeu técnicas de guerrilha, fez uma
cirurgia plástica para mudar as feições do rosto, voltou ao Brasil, regressou a
Cuba e voltou ao Brasil na clandestinidade. - De óculos e bigode, Dirceu se ocultou em Cruzeiro
do Oeste, interior do Paraná. Adotou o nome de Carlos Henrique, casou-se, mas
só revelou a verdadeira identidade à mulher em 1979, com a anistia. Deixou a
família, desfez a cirurgia plástica, fundou o PT. Virou uma figura histórica da
legenda. Deputado estadual e federal presidiu a sigla, coordenou a vitoriosa
campanha presidencial de Lula. O desenrolar dos fatos nos faz rogar à
sintetizar; que se encerra mais uma vez um dos episódios escandalosos que fazem
da roubalheira um estilo padronizado do político brasileiro, que se hoje se
orgulha de ser ladrão.
Antônio Scarcela Jorge
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