sábado, 27 de outubro de 2012

A P A G Ã O



Governo já admite problemas no sistema elétrico; Dilma se irrita.

Um curto-circuito na linha de transmissão entre Colinas (TO) e Imperatriz (MA) causou o apagão.

A queda na energia elétrica de ontem foi a quarta em um período de 35 dias e a terceira de grande proporção a atingir o País.
 
Brasília O governo admitiu ontem que o sistema elétrico brasileiro não tem a confiabilidade que se esperava. Uma falha em uma linha de transmissão entre Tocantins e Maranhão deixou sem luz, por cerca de quatro horas, milhões de pessoas em 11 Estados do Norte e Nordeste, o terceiro apagão de grandes proporções provocado por problemas técnicos em cinco semanas. O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, descartou sabotagem, deixou claro que não sabe as causas, enviou uma equipe ao local para investigar e prometeu um "pente fino" no sistema para identificar eventuais gargalos.

Confiabilidade questionada

Dilma cobrou explicações sobre mais um grande blecaute. Márcio Zimmermann disse que não adianta tapar o sol com peneira. "O sistema elétrico brasileiro foi projetado e planejado para operar num determinado nível de confiabilidade. A partir do momento que tem redução de confiabilidade, agora recente, determinada pela sequência de eventos, tem que tomar as ações necessárias para que se restabeleça a confiabilidade", disse. O ministro também afirmou que "probabilisticamente, essa sequência de eventos é impossível de ocorrer, é difícil entender como isso pode ocorrer". Sobre sabotagem, admitiu que esse é o "primeiro raciocínio" e que "não adianta tapar o sol com a peneira", mas descartou a possibilidade de o erro ter sido provocado intencionalmente. Segundo o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), um curto-circuito na linha de transmissão entre Colinas (TO) e Imperatriz (MA) foi responsável pelo apagão. A linha é operada pela Taesa, controlada pela Cemig, que trava com o governo uma disputa jurídica. A companhia quer renovar algumas concessões sob regras antigas, justamente quando o governo tenta reformular o sistema para reduzir a conta de luz em 16,2% para consumidores e até 28% para a indústria. "Como o evento é raro, são consideradas todas as alternativas, mas a avaliação é feita de maneira serena, por isso enviamos equipe para local", disse o ministro interino. "Vamos esperar relatório do ONS. Falar de sabotagem por enquanto não faria sentido", completou. O diretor geral do ONS, Hermes Chipp, foi taxativo: "não há a menor hipótese de uma sabotagem."

Raio gerou sobrecarga

Para José Rangone, presidente da Taesa, um raio provocou sobrecarga na área, mas o problema maior foi a falha de uma rede de proteção, que não conseguiu isolar o apagão e permitiu que o problema se espalhasse por 11 Estados. "Não é desculpa invocar uma descarga para que possamos nos esconder atrás de um fenômeno natural. Estamos usando todo nosso esforço para responder por que a proteção não atuou." Segundo ele, a companhia movimentou todo o seu contingente ao longo da madrugada para que o serviço voltasse à normalidade, o que ocorreu pouco depois das 4h da manhã desta sexta-feira.

Cobrança

A presidente Dilma Rousseff quer explicações efetivas sobre o apagão que afetou na madrugada desta sexta-feira, o Norte e o Nordeste do País.  Segundo fontes do governo, a presidente foi informada logo cedo pelo próprio ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, sobre o ocorrido e ficou bastante "irritada". De acordo com essas fontes, Dilma pediu ao ministro que cobrasse explicações das empresas envolvidas no episódio e Zimmermann, então, disse que já havia convocado a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para avaliar a situação.

Monitoramento
 
Dilma está monitorando o caso e recebendo notícias ao longo do dia sobre as providências tomadas e as investigações sobre o que teria provocado o apagão. O tema preocupa muito a presidente. A orientação dada ao Ministério de Minas e Energia é para que a população seja informada sobre o assunto e também sobre as soluções para que o apagão não volte a se repetir. O que surpreendeu o Planalto é que esse tipo de problema, ocorrido na linha de transmissão, normalmente é resolvido em uma hora e, no caso dessa madrugada, levou quatro horas para ser normalizado.

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