Governo já admite problemas no sistema elétrico; Dilma se irrita.
Um curto-circuito na linha de transmissão entre Colinas (TO) e Imperatriz
(MA) causou o apagão.
A queda na energia elétrica de ontem foi a quarta em um período de 35 dias e a terceira de grande proporção a atingir o País.
Brasília O governo
admitiu ontem que o sistema elétrico brasileiro não tem a confiabilidade que se
esperava. Uma falha em uma linha de transmissão entre Tocantins e Maranhão
deixou sem luz, por cerca de quatro horas, milhões de pessoas em 11 Estados do
Norte e Nordeste, o terceiro apagão de grandes proporções provocado por
problemas técnicos em cinco semanas. O ministro interino de Minas e Energia,
Márcio Zimmermann, descartou sabotagem, deixou claro que não sabe as causas,
enviou uma equipe ao local para investigar e prometeu um "pente fino"
no sistema para identificar eventuais gargalos.
Confiabilidade
questionada
Dilma cobrou explicações sobre mais um grande
blecaute. Márcio Zimmermann disse que não adianta tapar o sol com peneira. "O sistema elétrico brasileiro foi projetado e
planejado para operar num determinado nível de confiabilidade. A partir do
momento que tem redução de confiabilidade, agora recente, determinada pela
sequência de eventos, tem que tomar as ações necessárias para que se
restabeleça a confiabilidade", disse. O ministro também afirmou que
"probabilisticamente, essa sequência de eventos é impossível de ocorrer, é
difícil entender como isso pode ocorrer". Sobre sabotagem, admitiu que
esse é o "primeiro raciocínio" e que "não adianta tapar o sol
com a peneira", mas descartou a possibilidade de o erro ter sido provocado
intencionalmente. Segundo o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS),
um curto-circuito na linha de transmissão entre Colinas (TO) e Imperatriz (MA)
foi responsável pelo apagão. A linha é operada pela Taesa, controlada pela
Cemig, que trava com o governo uma disputa jurídica. A companhia quer renovar algumas concessões sob regras
antigas, justamente quando o governo tenta reformular o sistema para reduzir a
conta de luz em 16,2% para consumidores e até 28% para a indústria. "Como o evento é raro, são consideradas todas as
alternativas, mas a avaliação é feita de maneira serena, por isso enviamos
equipe para local", disse o ministro interino. "Vamos esperar
relatório do ONS. Falar de sabotagem por enquanto não faria sentido",
completou. O diretor geral do ONS, Hermes Chipp, foi taxativo: "não há a
menor hipótese de uma sabotagem."
Raio
gerou sobrecarga
Para José Rangone, presidente da Taesa, um raio
provocou sobrecarga na área, mas o problema maior foi a falha de uma rede de
proteção, que não conseguiu isolar o apagão e permitiu que o problema se
espalhasse por 11 Estados. "Não é desculpa invocar uma descarga para que
possamos nos esconder atrás de um fenômeno natural. Estamos usando todo nosso
esforço para responder por que a proteção não atuou." Segundo ele, a
companhia movimentou todo o seu contingente ao longo da madrugada para que o
serviço voltasse à normalidade, o que ocorreu pouco depois das 4h da manhã
desta sexta-feira.
Cobrança
A presidente Dilma Rousseff quer explicações efetivas
sobre o apagão que afetou na madrugada desta sexta-feira, o Norte e o Nordeste
do País. Segundo fontes do governo, a
presidente foi informada logo cedo pelo próprio ministro interino de Minas e
Energia, Márcio Zimmermann, sobre o ocorrido e ficou bastante
"irritada". De acordo com essas fontes, Dilma pediu ao ministro que
cobrasse explicações das empresas envolvidas no episódio e Zimmermann, então,
disse que já havia convocado a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE) para avaliar a situação.
Monitoramento
Dilma
está monitorando o caso e recebendo notícias ao longo do dia sobre as
providências tomadas e as investigações sobre o que teria provocado o apagão. O
tema preocupa muito a presidente. A orientação dada ao Ministério de Minas e
Energia é para que a população seja informada sobre o assunto e também sobre as
soluções para que o apagão não volte a se repetir. O que surpreendeu o Planalto
é que esse tipo de problema, ocorrido na linha de transmissão, normalmente é
resolvido em uma hora e, no caso dessa madrugada, levou quatro horas para ser
normalizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário