COMENTÁRIO
RENOVAÇÃO NA CÂMARA
Maioria dos
vereadores que compõe a atual legislatura da Câmara de Nova-Russas não voltará à
Casa no ano que vem. Alguns porque decidiram não concorrer à reeleição - por
“temor” a Lei da Ficha Limpa-, mas a maioria porque os eleitores decidiram
dar-lhes menos votos que os necessários para mantê-los no mandato. Mais da
metade é formada por políticos novos, que concorreram pela primeira vez, ou que
voltam à Câmara num período longe dela. Deu-se, portanto, neste ano, um dos
maiores índices de renovação no Legislativo municipal de que se tem notícia na
história. Isto é bom ou mau? Em tese, renovar parece ser sempre algo muito
positivo; afinal, o ar que se respirará no Legislativo será enriquecido por
oxigênio que ainda não foi usado no plenário e nas salas das comissões. Mas
quem garante que esse oxigênio já não venha impregnado dos mesmos vírus que
alimentaram a crônica síndrome patológica que já levou a Câmara à UTI
recentemente? Só o tempo dirá. Inegável é o fato de que o eleitorado
novarrussense quis dar continuidade à tarefa de desinfecção, tanto que muitos
daqueles vereadores que rezavam pela cartilha anterior de vários gestores do
município, ficaram aos seus lados, ou se omitiram não conseguiram se reeleger.
Os eleitores preferiram colocar gente nova no lugar, aparentemente não
comprometida com os velhos maus hábitos. A população, portanto, tanto quanto
possível, fez a parte que lhe competia. Agora, cabe aos novos vereadores – que
ocuparam uma das treze cadeiras, e também aos antigos, claro – dar mostras
cabais de que o processo de renovação na Câmara Municipal de Nova-Russas vai
muito além da simples substituição de uns por outros, coisa que a aritmética
pode calcular com facilidade. Renovação é muito mais que somar e subtrair. E há
muito que renovar na “gastada” Câmara. É preciso devolver a ela o grau de
relevância que a democracia exige do Poder Legislativo, especialmente no que
tange à tarefa de fazer e aprovar leis de alto e exclusivo interesse público;
de debater o futuro da cidade; de propor soluções sustentáveis e responsáveis
no campo social; de fiscalizar os atos do Executivo, dentre tantas outras
competências institucionais que lhe cabem. Prioritário também é eliminar o
ranço que a caracteriza como mero colegiado pluripartidário de vereadores
cooptados pelo prefeito de plantão, votando sem análise crítica tudo o que ao
Executivo e a seu modo interessar. Não mais votações intermináveis para nomes
de ruas, para conferir homenagens a amigos, como é de seu predominante costume.
Da renovada Câmara Municipal se espera o cumprimento do dever de representar
dignamente a sociedade e demonstrar estar à altura de suas aspirações.
Antônio
Scarcela Jorge
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