sexta-feira, 21 de junho de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 21 DE JUNHO DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
ANTENAS DA DEMOCRACIA.

Nobres:
Há alguns momentos sentíamos uma inquietação, percebia jovens inertes, distantes da realidade e passivos aos acontecimentos. Absortos em um mundo virtual e gozando os prazeres do consumo desmedido. Voltamos para rememorar o final da década de sessenta, eufórica de transformações socioculturais contestando um mundo mergulhado na euforia do pós-guerra, quando a mecanização e a tecnologia começavam a conquistar o cotidiano. Era o “AMERICAN WAY OF LIFE” invadindo as casas nas diversas partes do globo. Naquela época, que lembro em preto e branco, as ditaduras floresceram e o comunismo ganhou força, com recrudescimento da guerra fria se transformando no drama da época. Uma sociedade quadrada, careta e cheia de preconceitos, que contrastava com o espírito que surgia, com anseios de mudança de uma nova geração de jovens querendo transformar o mundo. As principais manifestações se deram nos aspectos políticos e culturais, como os movimentos estudantis, os hippies, o rock and roll, o teatro, o cinema novo, os grandes festivais da MPB.  A arte denunciando e formando opinião. Nos anos 1980 tivemos o privilégio de vivenciar, mesmo distante do palco dos acontecimentos o acordar da democracia no Brasil. Em um período de grandes debates políticos e de mudanças, “dançávamos” ao som contestador que cantava “que país é esse” e “Brasil mostra sua cara”. Todo País assistindo e participando da campanha pelas Diretas já. Depois vieram a Constituição de 1988, as eleições e a vitória da democracia. E, quando o País, novamente, sentiu-se enganado, foi à rua com a cara pintada clamar pelo impeachment. E quando acreditava em uma sociedade anestesiada, sentimos feliz por ter nos enganados e estar, novamente, vivendo um momento histórico. Uma multidão de jovens tomou conta das ruas para protestar e ocupar seu papel contestador. E não são rebeldes sem causa, vândalos ou desordeiros, na sua imensa maioria. São cidadãos engajados por um futuro diferente, reclamando justiça social, muito além dos centavos. Afinal, as deficiências na saúde, na educação e na segurança contrastam com os gastos e desmandos de um poder político que se apropria do Estado para defender interesses de seus aliados. O alardeado legado da Copa, de fato, vai ficar, mas não serão construções ou avenidas asfaltadas, mas, sim, um espírito democrático fortalecido e revigorado.
Antônio Scarcela Jorge.


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