(a pessoa mais acreditada no país, tem algum elemento para certamente se prover)
Procurador-geral diz que 'conluio' entre juízes e advogados é 'exceção'
Presidente do STF disse que 'há
muitos [juízes] para colocar para fora'.
- Roberto Gurgel afirmou que Barbosa não quis generalizar ao citar frase.
- Roberto Gurgel afirmou que Barbosa não quis generalizar ao citar frase.
O procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, afirmou nesta quarta-feira (20) que o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, não quis generalizar ao apontar um suposto "conluio" entre juízes e
advogados. O procurador disse que a frase
foi dita em um contexto de julgamento de procedimentos de magistrados
suspeitos. Gurgel argumentou ainda que relação promíscua "não é uma regra,
constitui uma exceção". Na verdade, isso foi falado no contexto de um
julgamento em que um magistrado tivera realmente uma conduta absolutamente
inadequada. O caso tinha acabado de ser julgado e outro ia ser julgado também.
Claro que isso não é uma regra, constitui uma exceção. “E, quando acontece essa
promiscuidade, ela realmente acaba levando a desvios”, afirmou Gurgel após
sessão do Supremo. Segundo o procurador, a frase foi dita "num contexto de
procedimentos disciplinares contra magistrados". "Eu tenho certeza
que não houve qualquer intenção de generalização, seja no que diz respeito aos
advogados, seja no que diz respeito aos magistrados. Naqueles casos que estavam
em julgamento efetivamente havia um comportamento que merecia reprimenda. “Na
sessão do CNJ de terça, Barbosa divergiu do desembargador e conselheiro do CNJ
Tourinho Neto sobre o caso de um juiz do Piauí e apontou o que classificou como
“conluio” Há muitos (juízes) para colocar para fora”. [...] Esse conluio entre
juízes e advogados é o que há de mais pernicioso. Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente
fora das regras", afirmou Barbosa. O desembargador rebateu a fala de
Barbosa e disse que, "se for para colocar juiz analfabeto para fora, tem
que botar muita gente, inclusive juiz de tribunais superiores". Ao final
dos debates, os conselheiros do CNJ decidiram aposentar compulsoriamente
o juiz João Borges de Souza Filho, de Picos (PI). O único voto contrário foi o
de Tourinho Neto. Para Gurgel, é preciso haver "paridade de armas" na
relação entre juízes e advogados. "Eu acho que é preciso manter sempre a
paridade de armas. [...] Claro que um juiz pode e deve se relacionar com um
advogado como se relaciona com o Ministério Público, mas o importante é que
essas relações não sejam promíscuas."
Nota da AMB
Após a fala de Barbosa na terça,
a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) divulgou nota criticando a
declaração do presidente do STF. "A AMB rejeita com veemência as
afirmações genéricas do presidente do Supremo. [...] Ao contrário do que ele
disse, a convivência entre magistrados e advogados não representa 'conluio' ou
'decisões fora da regra'." A
AMB, reunindo seu Conselho de Representantes em Brasília nesta quarta-feira,
lembra ao presidente do STF que eventuais desvios, dos quais ele porventura
tenha conhecimento, não podem servir jamais de base para declarações maldosas
que atinjam a imagem de todos os magistrados que honram o Poder Judiciário. As
generalizações resultam sempre em injustiça, diz a nota.
Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília.
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