Viagens da presidente Dilma fora da
agenda oficial geram custos de cerca de meio milhão de reais aos cofres
públicos.
Paradas fora de destinos oficiais também geram despesas extras
Escalas em viagens internacionais
da presidente Dilma Rousseff em que ela não teve compromissos oficiais e, em
alguns casos, realizou passeios turísticos custaram R$ 433 mil aos cofres
públicos. O valor inclui despesas apenas com hospedagem e diárias em visitas a
Atenas (Grécia), Praga (República Tcheca) e Granada (Espanha), que ocorreram
durante escalas de viagens de Dilma e sua comitiva à Ásia. Dados do Ministério
de Relações Exteriores obtidos pela BBC Brasil por meio da Lei de Acesso à
Informação revelam ainda que as 35 viagens presidenciais em 2011 e 2012
custaram R$ 11,6 milhões. Desse montante, R$ 7,8 milhões se referem a gastos
com hospedagem e R$ 3,8 milhões a despesas com diárias, item que inclui
alimentação e transporte. Os valores incluem também gastos com a preparação das
viagens. A viagem sem compromissos oficiais de Dilma mais cara, ao custo de R$
244 mil, foi para Atenas, em abril de 2011. A presidente e sua comitiva
passaram uma noite na capital grega antes de prosseguir para a China. Na
ocasião, ela visitou o Parthenon, um dos principais pontos turísticos do país,
e fez visita de cortesia ao então premiê George Papandreou. Interpelada por
jornalistas, ela se recusou a responder perguntas, dizendo estar 'a passeio'. Na
volta da viagem à China, Dilma parou em Praga. A escala, que durou duas horas,
custou R$ 75 mil. Em março de 2012, a presidente voltou a fazer escala
prolongada em viagem à Ásia. Antes de ir à Índia para uma cúpula dos Brics, ela
passou por Granada, cidade turística no sul da Espanha. Acompanhada pelos
ministros Aloízio Mercadante (Educação) e Antônio Patriota (Relações
Exteriores), Dilma visitou a Alhambra, complexo de palácios de arquitetura
mourisca considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO. A viagem, que durou
cerca de sete horas, custou R$ 89 mil. Os gastos da comitiva que acompanhou o
ministro de Relações Exteriores somaram outros R$ 24,5 mil.
Marrocos e Jordânia
A primeira lista que o Itamaraty
enviou à BBC Brasil com gastos de todas as viagens presidenciais continha ainda
despesas em Marrakech (Marrocos) e Amã (Jordânia), ocorridas entre março e
abril de 2012, mesmo período da viagem de Dilma à Índia. Após a Presidência ser
avisada da reportagem, o ministério enviou nova tabela, excluindo as despesas
nas duas cidades. O órgão não explicou a mudança. A presidente, no entanto, não
visitou os dois países. Em nota, a assessoria da Presidência disse que as
visitas da presidente a Atenas, Praga e Granada foram escalas obrigatórias de
caráter técnico programado conforme os limites de autonomia do avião
presidencial. O órgão não respondeu que critérios nortearam a composição da
comitiva presidencial nessas viagens nem por que Dilma foi acompanhada por
ministros em passeios turísticos. Segundo a assessoria de Dilma, as escalas não
foram incluídas na agenda oficial porque apenas o local de partida e o destino
final das viagens presidenciais são registrados. O órgão afirma ainda que a
presença da presidente em qualquer ponto do Brasil ou do exterior,
independentemente do tempo de permanência, 'deve ser precedida por equipes com profissionais
responsáveis por garantir sua segurança e o atendimento das necessidades da
comitiva, o que explica a ocorrência de despesas com essas equipes técnicas'. Na
semana passada, os gastos da viagem de Dilma a Roma para a posse do papa
Francisco geraram críticas e pedidos de explicação entre opositores. A visita,
que custou R$ 324 mil, durou três dias. Outras viagens presidenciais tiveram
custos muito mais elevados. Em dezembro de 2011, uma visita de Dilma a Paris
que também durou três dias custou R$ 1,23 milhão. A presidente se hospedou com
sua comitiva no hotel Bristol, um dos mais luxuosos da capital francesa. A
viagem de Dilma a Londres durante as Olimpíadas, em julho de 2012, custou R$
1,08 milhão. Em setembro de 2011, uma visita a Nova York durante a Assembleia
Geral da ONU custou R$ 917 mil, gasto ligeiramente superior a visita à mesma
cidade no ano passado (R$ 884 mil). Em suas viagens, Dilma tem optado por
pernoitar em hotéis, evitando se hospedar nas casas de embaixadores
brasileiros. A viagem mais barata da presidente, em junho de 2011, foi para
Assunção, capital paraguaia. A visita, durante cúpula do Mercosul, durou um dia
e custou R$ 84 mil.
Fonte: BBC Brasil.
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