quarta-feira, 20 de março de 2013

PONTIFICADO DE FRANCISCO




Missa de inauguração
Papa abre pontificado com apelo a líderes por pobres e meio ambiente

Cerca de 200 mil pessoas enchiam a Praça São Pedro e ruas vizinhas para ouvir o sucessor de Bento XVI

O papa Francisco quebrou o protocolo e preferiu desfilar em jipe aberto saudando os fiéis de várias nacionalidades que o esperavam.

Cidade do Vaticano. O papa Francisco fez um apelo, ontem, na homilia da missa de inauguração de seu pontificado, aos cristãos e a todas as pessoas que ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político e social, para que cuidem dos bens da natureza, do meio ambiente e de todos os seus irmãos, especialmente os que são mais pobres.

"Não devemos ter medo da bondade nem da ternura", advertiu o papa, ao recomendar vigilância sobre os sentimentos e o coração, "porque é dele que saem as boas intenções e as más, aquelas que edificam e as que destroem".

Francisco falou durante 15 minutos, lendo um texto em italiano, diante de representantes de 132 países e instituições mundiais - incluindo 6 monarcas, 44 chefes de Estado, 3 príncipes herdeiros e 12 chefes de governo.

Ao convidar essa audiência seleta e cerca de 200 mil pessoas que enchiam a Praça São Pedro e ruas vizinhas, numa manhã ensolarada e temperatura de 10 graus, Francisco incluiu-se entre aqueles que devem se comprometer a proteger a humanidade e a criação, com particular atenção aos pobres.

"Eis um serviço que o bispo de Roma (ele, como papa) está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança", enfatizou.

O exemplo a seguir é São José, santo de sua devoção, cuja festa se comemorou ontem, dia 19 de março. Francisco comentou o trecho do Evangelho que narra como Deus escolheu José para proteger Maria e seu filho Jesus. A missa durou uma hora e 20 minutos, rigorosamente dentro do ritual previsto.

O papa Francisco disse ainda que os pontífices devem usar o poder para servir ao próximo de forma "humilde e concreta". Ele reforçou a mensagem ao dispensar o papamóvel blindado, que era usado pelo antecessor Bento XVI, e optar por um jipe aberto para circular mais próximo aos fiéis na Praça de São Pedro.
Missa de entronização: Escolhido há uma semana, Francisco recebeu o anel de pescador, símbolo do papado, às 5h46 de Brasília. O ato foi saudado com gritos de "Viva il papa!". Houve outros rituais, como a oração diante do mausoléu de São Pedro, e a entrega do pálio, acessório usado sobre as vestes do papa.

No trajeto, voltou a quebrar o protocolo e surpreendeu a segurança ao descer do veículo para beijar um deficiente. O gesto foi aplaudido pelo público. "Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio papa, para exercê-lo, (...) deve se mirar no serviço humilde, concreto e rico de fé de São José", disse o papa argentino, na homilia.

Cerimônia

O povo já enchia a praça quando Francisco chegou no papamóvel às 8h50 (4h50 no horário de Brasília) e deu várias voltas entre a multidão, antes de se dirigir à sacristia, ao lado da capela da Pietá, para então vestir os paramentos litúrgicos.

A maioria das autoridades já se encontrava em suas cadeiras, de um lado e de outro do altar, quando os sinos da Basílica de São Pedro começaram a repicar, às 9 horas (5horas no horário de Brasília). A presidente Dilma Rousseff foi com os quatro ministros de sua comitiva. Sentou-se numa cadeira da primeira fila, enquanto os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Aloizio Mercadante (Educação), Helena Chagas (Comunicação Social) e Antônio Patriota (Relações Exteriores) se colocavam a seu lado, um pouco atrás.

A celebração iniciou-se às 9h30 (5h30 no Brasil), quando o papa chegou em procissão com cardeais e os superiores gerais dos frades franciscanos e dos padres jesuítas, depois de ter rezado, em companhia de 10 patriarcas de igrejas orientais católicas, junto à Tumba de São Pedro. A primeira cerimônia foi a imposição do pálio, uma estola de lã de ovelha, lembrando o bom pastor, e a entrega do anel do pescador, com a imagem de São Pedro, carregando nas mãos as chaves que simbolizam o poder de chefe da Igreja.

O cardeal protodiácono Jean-Louis Tauran entregou o pálio, enquanto o cardeal protopresbítero Godfried Danneels fazia uma oração. Protodiácono e protopresbítero são os primeiros cardeais das ordens dos diáconos e dos presbíteros. O cardeal decano Angelo Sodano, da Ordem dos Bispos, entregou o anel.

Praça São Pedro: Líderes políticos e religiosos e fiéis prestigiaram ontem o início do pontificado de Francisco. O primeiro Sumo Pontífice latino-americano terá de enfrentar dificuldades como os escândalos recentes envolvendo a Igreja Católica relacionados a casos de pedofilia e a problemas na administração do Banco do Vaticano

Depois seis cardeais, dois de cada ordem, prestaram obediência ao papa em nome do Colégio Cardinalício.

Sem improviso

O papa não cantou nenhuma vez, nem mesmo nas invocações curtas, como a da bênção final. Também não improvisou, fugindo do texto para fazer alguma observação, como ocorreu domingo, na recitação do Angelus. No Vaticano, ainda não se sabe se é a inauguração de um novo estilo ou se é apenas uma adaptação de início de pontificado. O papa argentino age com espontaneidade e parece seguro em sua função. Após a celebração, que terminou às 11h20 (7h20 no horário de Brasília), Francisco foi para junto do altar da Tumba de São Pedro, na nave central da Basílica, para receber os cumprimentos.

O papa emérito Bento XVI foi homenageado no início da homilia, mas não compareceu à missa. Os dois devem almoçar no sábado, em Castel Gandolfo.

Na praça, uma faixa estendida por fiéis pedia que ele "arrume a casa", em referência aos escândalos de corrupção e pedofilia que atingiram a Igreja nos últimos anos.

Fonte: Agência Inter.

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