COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
TECNOCRACIA POPULISTA E SEUS
EFEITOS INFLACIONÁRIOS
Nobres:
O modelo tecnocrata
do “petismo” no sentido de enganar o povão, (alias, o povo gosta muito dessa
premissa) estabeleceu “um pouco de inflação com crescimento” passou a ser o
mantra de muitos de seus candidatos e, aos poucos, boa parte da sociedade
passou a acreditar que isso fazia sentido. Ou seja, inflação demais era ruim,
mas um pouco dela podia não ser prejudicial. Quem ousasse dizer o contrário e
afirmasse que toda inflação é um mal era logo tachado de “conservador” e “de
direita”, como se isso fosse uma praga a ser evitada. Após o Plano Real, com a
adoção da política de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário
nas contas do governo, a taxa de inflação buscada passou a ser fixada por
resolução do Banco Central (BC). Nos últimos anos, o BC tem fixado a meta de
inflação em 4,5% ao ano, taxa essa que o governo federal passou a utilizar na
elaboração da proposta orçamentária que anualmente envia ao Congresso Nacional.
Essa taxa é chamada de “centro da meta”, admitindo-se uma variação de dois
pontos porcentuais para mais ou para menos, ou seja, uma tolerância de até 6,5%
de inflação anual. Tudo isso parecia normal e, desde que a inflação não
passasse dos 6,5%, o governo nada teria de fazer para puxá-la para baixo. E,
assim, o Brasil seguiu tolerante com a inflação, à moda da tolerância ao álcool
no sangue dos motoristas, acreditando que ela não faria mal nem iria
ultrapassar o limite superior. Muitos economistas tentaram alertar o governo
que nem mesmo uma inflação de 4,5% deve ser tolerada eternamente e, muito
menos, deve-se aceitar com sossego uma taxa de 6,5% no ano. Eles foram, de
novo, tachados de “monetaristas” e “inimigos do desenvolvimento econômico”.
Mas, da mesma forma como o país percebeu ser preciso acabar com a tolerância ao
álcool no trânsito, descobriu-se agora que nenhum bafômetro econômico é capaz
de definir uma taxa de inflação que pode ser tolerada. A razão é simples: assim
como o álcool, qualquer inflação é ruim, e 4,5% é uma inflação alta para
padrões civilizados. Ademais, o Brasil não tem conseguido manter a inflação no
centro da meta. No ano passado, o IPCA ficou em 5,8%. Outros índices
importantes ficaram mais altos. O IGP-M, que é usado para reajuste de aluguéis,
tarifas públicas, planos de saúde e financiamentos imobiliários, ficou em
7,82%. A consequência foi que, neste início de 2013, a inflação começou a subir
puxada por diversos fatores – alguns vindos do exterior, portanto, sem culpas
internas, o que não justifica o fato de o governo estar sendo tolerante demais
com a elevação dos preços. À semelhança da lei de trânsito, inflação é mal com
o qual se deve ter tolerância zero, como meio de mantê-la em níveis civilizados
e não prejudiciais ao desenvolvimento do país. Ninguém pode ser ingênuo de
pensar em inflação zero para o Brasil. Mas também não se pode aceitar uma inflação
acima do limite superior da meta de 6,5%. Mesmo porque, daí em diante, ninguém
sabe aonde o mal vai parar. Não se sabe quanto perdurará o conto petista, que
se diziam infalíveis neste aspecto. - Somos forçados a conviver com normas que
tenham projeção de efeito populista para o governo e de prejuízos da população-.
Antônio Scarcela Jorge
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