Campos
critica governo e sela aliança com Força Sindical contra MP dos Portos.
Defensor da
autonomia do Porto de Suape, em Pernambuco, para realizar licitações, o
governador Eduardo Campos (PSB) criticou, nesta segunda-feira, a Medida
Provisória 595, conhecida como MP dos Portos.
- Eles (do governo federal), que
dizem que é mais rápido (fazer as licitações em Brasília), gerem há muitos anos
dezenas e dezenas de portos que são infinitamente mais ineficientes do que
Suape. Como é que o porto público mais eficiente do Brasil poderá tomar lição
com quem há décadas gere portos mais ineficientes? Entre a palavra e o fato, eu
fico com o fato - afirmou.
A matéria prevê mudanças nas
mudanças nas regras de operação dos terminais portuários brasileiros. Cotado
para disputar a presidência em 2014, o governador já havia criticado a falta de
diálogo do governo para enviar a matéria ao Congresso. De acordo com ele, as
pessoas só tomaram conhecimento do conteúdo da pauta quando ela foi publicada.
- É uma questão de defesa de uma
prerrogativa constitucional, de um país que é uma federação. Os estados têm o
direito de fazer seus contratos, respeitando o planejamento nacional -
completou Campos.
A crítica ocorreu minutos após o
fim de uma reunião, em Olinda (PE), com o deputado federal e presidente da
Força Sindical, Paulo Pereira dos Santos (PDT-SP), conhecido como Paulinho da
Força Sindical. No encontro, Eduardo e o pedetista firmaram uma aliança contra
a Medida Provisória. O pedetista brigará pela autonomia dos estados para
realizar licitações, como quer o governador, e o socialista acionará a bancada
federal pernambucana para assegurar os direitos dos trabalhadores, como a
manutenção da contratação através do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo).
Em entrevista à imprensa após a
reunião com Eduardo, Paulinho destacou que a maioria dos integrantes da
Comissão Mista especial que analisa a MP dos Portos defendem os interesses da
categoria e devem barrar o texto, caso seja mantido no formato enviado pelo governo
federal.
- Se o governo levar a MP para o
plenário mesmo sendo barrada na Comissão Mista vamos fazer pressão nas ruas.
Não deixaremos a MP ser votada do jeito que está hoje. Se o governo não nos
atender, vamos fazer greve e o governo terá que carregar os contêineres nas
costas - ameaçou o deputado.
O encontro com Paulinho também
serviu para estreitar a relação de Campos com as entidades sindicais.
Questionado se a posição contrária à MP dos Portos e a aproximação com a Força
Sindical o ajudaria a angariar apoios para um possível voo nacional, Eduardo
respondeu que, desde 2006, quando foi candidato ao primeiro mandato de
governador, tem o apoio de sindicatos.
- Nossa relação com os
trabalhadores dos portos do Brasil vem de muito antes.
A convite de Paulinho, o
governador de Pernambuco vai palestrar em um evento promovido pela Força
Sindical no dia 25 deste mês, em São Paulo.
- Ele vai falar dos problemas do
Brasil e como podem ser resolvidos - contou o deputado.
Paulinho defende candidatura de
Eduardo a presidente
Ao mesmo tempo em que celebrou
uma aliança com o governador Eduardo Campos (PSB) para impedir a aprovação da
Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos, no formato apresentado
pelo governo, Paulinho defendeu a candidatura do socialista à Presidência em
2014.
- Eu acho importante (a
candidatura de Eduardo). A gente precisa ter candidato. Ele mostrou seu
trabalho, é governador pela segunda vez, elegeu prefeito, tem prestígio no
Nordeste todo, enfim, é importante que ele se coloque como candidato - avaliou
em entrevista à imprensa na saída da reunião.
Paulinho reconheceu que a aliança
com o governador "pode avançar", caso o socialista seja candidato,
apesar de destacar que política não foi pauta do encontro.
- Só quem está em campanha é Dilma.
Consideramos um erro a presidente fazer campanha faltando dois anos para a
eleição. Estamos preocupados com as pautas do Brasil, como a MP dos Portos -
alfinetou.
Reportagem de Gabriela
López - Especial para O Globo
Fonte: Agência O Globo.
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