COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
Parlamentares insaturáveis
Nobres
Um do nosso comentário publicado na seção Leitores
& Cartas do DN. Sobre a pseuda moralização do legislativo do país
(fonte de descrédito desse poder constituído) “produzida pelo efeito Dominó”
junto as Assembléias Legislativas dos Estados, não nos causou surpresa pelo
fato dos parlamentares serem próprios de encenação e enganação para um povo
costuma e parceiros que segmentos da sociedade ética abominam. Nesta alusão
considerei a possibilidade de “remanejamento desses recursos para outras
despesas custo que os parlamentares gostam de se privilegiar, sempre se
usufruindo de benesse do erário”. Essa “antevisão” se completou numa velocidade
incomum, logo anunciada, iria logo acontecer: - O aumento da “cota por
atividades parlamentares” e do auxílio-moradia na Câmara dos Deputados, e a PEC
que acaba com os subtetos salariais no funcionalismo público demonstram que os
parlamentares têm infinita criatividade para gastar em proveito próprio os
recursos do contribuinte. É inesgotável a criatividade dos
nossos representantes na hora de encontrar meios de torrar o dinheiro do
contribuinte. As penúltimas notícias sobre o assunto vieram do lugar costumeiro
na semana passada: a Câmara Federal, que não apenas aumentou em 12% a “cota por
atividades parlamentares” e em 23% o auxílio-moradia dos deputados (de R$ 3 mil
para R$ 3,8 mil), como também começa a discutir agora e promete votar no
segundo semestre proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com o subteto
salarial dos servidores públicos. A primeira notícia vai tirar do nosso bolso
pelo menos R$ 22 milhões por ano, valor que suas excelências empregarão para
pagar despesas com passagens aéreas, telefone, serviços postais, assinatura de
publicações, combustíveis e lubrificantes, entre outras. O aumento foi
justificado pela Mesa da Câmara, presidida pelo notório deputado Henrique
Alves: desde 2009 os valores não eram reajustados. Alves foi eleito presidente
da Câmara em fevereiro último sob protestos e críticas ao seu passado, na mesma
ocasião em que Renan Calheiros – igualmente notório pelas peripécias nada
éticas – foi escolhido por seus pares para presidir o Senado. Ambos, Alves e
Calheiros, tentaram dar um lustro nas biografias inaugurando suas gestões com o
anúncio da aprovação do projeto que acabava com o pagamento do 14.º e 15.º
salários dos deputados e senadores. O alegado respeito ao dinheiro do
contribuinte e o suposto esforço de restaurar a moralidade no Congresso não
duraram por muito tempo, o que só serve para demonstrar que até as exceções
fazem parte da regra: o dinheiro que deixou de sair do cofre por uma porta saiu
(pelo menos em parte) por outra. O resultado da soma, portanto, foi quase igual
a zero. Não bastasse a “bondade” que se concedeu aos deputados, há outra em via
de acontecer e que vai beneficiar muito mais gente e custar muito mais caro ao
país. Trata-se da PEC que extingue o subteto salarial. Pela legislação atual,
nenhum servidor público pode ganhar tanto quanto ganha um ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), atualmente R$ 28 mil mensais. Mesmo os servidores
aposentados não podem somar seus proventos a salários que eventualmente
continuem percebendo no serviço público se, desta soma, resultar valor maior do
que o subteto permitido. A generosa PEC acaba com tais limites, de tal modo que
todos os funcionários, estaduais ou municipais, não mais terão seus vencimentos
atrelados aos salários do prefeito ou do governador, respectivamente. O
vencimento de ministro do STF passaria a ser o único teto salarial do
funcionalismo. Com isso, uma lei ordinária poderia tornar o salário de um
funcionário público municipal igual ao de um magistrado do STF e superior ao de
prefeito e governador. Não há, pois, limites razoáveis e justos quando se trata
de legislar sobre matérias que, direta ou indiretamente, dizem respeito aos
próprios deputados e senadores, que sempre se mostram ligeiros na criação ou no
sustento de uma casta de cidadãos, apartada da realidade em que vive a grande
maioria da população brasileira, desprovida de quaisquer privilégios. A mesma
ligeireza não é notada quando se trata de debater, votar e aprovar leis do mais
real e amplo interesse público. Essa é mais uma vergonhosa cotidiana promovida
pelo poder legislativo de fortes tendências para se expuser a corrupção
padronizada e acatada como sendo de regra de suas ações para o país que se
tornou literalmente o descompromisso pela seriedade dos políticos de
antecedentes antiéticos que enodam a face desmoralizadora da nação.
Antônio Scarcela
Jorge.
*****
Do Jornal Diário do
Nordeste
Edição (impressa)
de 23/03/2013 – (hoje)
Seção – Opinião – Leitores & Cartas.
Ajuda a políticos
Precisou menos de uma semana para que houvesse remanejamento dos recursos após a "extinção dos 14º e 15º salários dos deputados federais”. (Sobre matéria publicada na editoria Nacional sob o título "Câmara define cota 12% maior")
Antônio Scarcela Jorge
Nova-Russas-CE
Precisou menos de uma semana para que houvesse remanejamento dos recursos após a "extinção dos 14º e 15º salários dos deputados federais”. (Sobre matéria publicada na editoria Nacional sob o título "Câmara define cota 12% maior")
Antônio Scarcela Jorge
Nova-Russas-CE
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