ABSOLVIDO NO
MENSALÃO, EX-MINISTRO É DENUNCIADO POR DESVIO EM MINAS.
Menos de três meses depois de ser
absolvido pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão, o ex-ministro dos
Transportes Anderson Adauto (sem partido) foi denunciado à Justiça pelo Ministério
Público Estadual de Minas Gerais acusado de desviar R$ 1,1 milhão da prefeitura
de Uberaba, no Triângulo Mineiro. A Justiça acatou na última sexta-feira a
acusação formal, que resultou no processo que tramita na 1.ª Vara Criminal de
Uberaba. Além de Adauto, foram denunciados o ex-procurador-geral do município,
Valdir Dias, e os empresários José Luís Guimarães do Amaral e Eliane do Amaral
Marcondes de Souza, proprietários da AMS Construções e Incorporações Ltda.,
acusados de envolvimento no desvio. Em 2008, a empresa foi uma das doadoras da
campanha vitoriosa de Adauto à reeleição. De acordo com a denúncia do promotor
José Carlos Fernandes Júnior, o desvio ocorreu entre agosto de 2008 e setembro
de 2009, durante a construção do Centro Municipal Avançado de Ensino do Bairro
Boa Vista. A AMS venceu licitação promovida em 2006 para realizar a obra, ao
custo de R$ 3,3 milhões. A obra foi suspensa pela Secretaria Municipal de
Infraestrutura em novembro daquele ano. Os trabalhos seriam reiniciados em março
de 2007, mas, de acordo com o MP, a paralisação ocorreu para que os recursos
fossem desviados. O inquérito instaurado para investigar o caso mostrou que, ao
retomar os trabalhos em dezembro de 2007, a empresa pediu reajuste no valor do
contrato. Mesmo com pareceres técnicos contrários, Valdir Dias foi favorável ao
reajuste e o prefeito determinou o aditamento do contrato acima dos índices
oficiais de inflação e o pagamento de lucros cessantes. Em agosto de 2008 foi
assinado novo aditivo, que foi divulgado apenas em maio do ano seguinte, após o
pagamento, de acordo com o MPE, dos "recursos indevidos". Para o
Ministério Público, a demora na divulgação do aditivo teve o objetivo de
"dificultar a percepção do desvio de receitas públicas promovidas em favor
da empresa".
Condenação.
Absolvido no mensalão, Adauto tem
outros problemas com a Justiça. O ex-ministro foi condenado em 1.ª instância
por fraude em concurso público para a contratação de agentes de Saúde, decisão
que suspendeu seus direitos políticos. Ele também responde a outras ações de
improbidade administrativa e é alvo de investigação da Polícia Federal por
suspeita de fraudar licitação de R$ 20 milhões para a compra de medicamentos e
equipamentos. O Estado não conseguiu contato ontem com o ex-ministro, que ainda
não nomeou advogado para atuar no processo relativo à denúncia mais recente,
assim como com os demais acusados.
Fonte: O Estadão.
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