POLÍCIA INVESTIGA
FALSIDADE IDEOLÓGICA, SONEGAÇÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO NO RS.
Fato de a boate estar no nome da
mãe e da irmã de um dos donos e de ter sido encontrado um contrato de gaveta
firmado entre dois sócios despertou dúvidas na polícia da Santa Maria
A Polícia Civil de Santa Maria
investiga a possibilidade de crimes de falsidade ideológica, sonegação fiscal e
lavagem de dinheiro por parte dos empresários Mauro Hoffmann e Elissandro
Callegaro Spohr, o Kiko, donos da boate Kiss, onde mais de 230 pessoas morreram em um incêndio na madrugada de domingo.
Em depoimentos que tomaram toda a
tarde desta quarta-feira, a mãe e irmã de Kiko, que figuram legalmente como
sócias da boate, admitiram terem “emprestado” seus nomes ao empresário. A irmã,
inclusive, trabalha como funcionária da Kiss. Elas não souberam explicar aos
policiais os motivos que levaram Kiko a registrar a casa noturna em nome de
terceiros. Além disso, os policiais localizaram nas buscas e apreensões um
contrato de gaveta firmado entre os dois sócios de fato da boate que comprova a
tese de que Kiko e Hoffmann são os verdadeiros proprietários da Kiss.
No início da tarde, o advogado
Jader Marques, que representa Kiko, admitiu que o empresário é o verdadeiro
dono da casa noturna, embora os documentos estivessem em nomes de terceiros e a
participação de Hoffmann estaria em processo de negociação, faltando apenas a
formalização da sociedade.
Segundo os delegados que
investigam o incêndio, os depoimentos e a descoberta do contrato de gaveta
abriram novas frentes de investigação sobre os donos da Kiss. Kiko e Hoffmann
são investigados por homicídio culposo, estão presos temporariamente, mas não
foram acusados formalmente por nenhum crime. “Se houver falsificação de
documento pode levar à falsidade (ideológica). Além disso, tem a questão
fiscal, pois quem recebe o lucro tem que pagar impostos”, disse o delegado
Sandro Meines. “Também vamos investigar a possibilidade de
lavagem de dinheiro, pois, segundo a nova legislação, valores provenientes de
qualquer atividade ilegal podem ser considerados lavagem”, disse o delegado
regional de Santa Maria, Marcelo Arigony.
Os advogados dos empresários não
responderam às ligações do iG
para comentar as novas frentes de investigação.
Além da mãe e da irmã de Kiko, a
polícia ouviu outros 12 depoimentos nesta quarta-feira. Um deles foi o da
relações-públicas da Kiss, Vanessa Vasconcelos, que falou sobre supostos
hábitos de Kiko. De acordo com ela, o empresário costumava tirar os extintores dos locais
apropriados por motivos estéticos . O
depoimento de Vanessa, no entanto, é visto com ressalvas pela polícia pois ela
move uma ação trabalhista contra a Kiss.
A Polícia Civil fez também nesta
quarta-feira uma reconstituição da tragédia nas ruínas da Kiss. Participaram
diversos funcionários da boate que reforçaram indícios como o de que o fogo
começou no palco onde se apresentava a banda Gurizada Fandangueira. O objetivo
é liberar o tráfego de veículos na rua da boate, interditada desde domingo.
Fonte Agência Brasil.
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