INVESTIGAÇÃO
SOBRE LULA É 'IMPRESCINDÍVEL', DIZ LÍDER DO PSDB NO SENADO.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro
Dias (PR), afirmou nesta quarta-feira, 9, que uma investigação do Ministério
Público Federal sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é
"imprescindível". "A investigação é imprescindível porque o País
não pode viver com esse esqueleto no armário, essa suspeita permanente. A
sociedade precisa de uma resposta", afirmou. Para o tucano, há duas
hipóteses para o caso: se a eventual investigação não der em nada, Lula usará o
episódio a seu favor; se as denúncias forem comprovadas, "cria-se uma
situação não apenas de constrangimento no partido, mas de desgaste irreparável
para o PT, comprometendo seu projeto futuro". Reportagem publicada nesta
quarta pelo Estado informa que o Ministério Público vai investigar Lula com
base na acusação feita pelo operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de
Souza, segundo a qual o esquema também pagou despesas pessoais do então presidente.
A assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República, contudo, divulgou
nota no final da manhã negando que o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, tenha analisado o depoimento de Valério, não tendo, portanto, tomado
qualquer decisão em relação a uma possível investigação do caso. Em depoimento
prestado à PGR em 24 de setembro do ano passado, revelado pelo Estadão no mês
passado, Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos
pessoais" no início de 2003, quando o petista já havia assumido a
Presidência. O repasse, segundo Marcos Valério, foi por meio da empresa de
segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy. Para
Alvaro Dias, a reeleição da presidente Dilma Rousseff pode ser comprometida
"seriamente" por causa do suposto envolvimento do ex-presidente no
escândalo político. "Os vínculos são conhecidos, eu sei que há um esforço
para distinguir a presidente do ex-presidente, mas eu creio que é impossível
separá-los", afirmo, classificando os dois como "almas gêmeas". O
presidente da Câmara, o petista Marco Maia (RS), classificou de
"absurda" qualquer iniciativa de abrir uma apuração contra o
ex-presidente por causa do mensalão. "É um absurdo que se produza uma nova
investigação sobre esse tema envolvendo o presidente Lula. Esse é um tema
exaustivamente investigado", disse Maia, lembrando que, além do Supremo
Tribunal Federal (STF), o mensalão também foi investigado por uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI). "Esse tema foi investigado à exaustão, com
todas as possibilidades, e todas as pessoas investigadas tiveram suas vidas
devassadas. Qualquer tentativa de envolvimento do presidente Lula não tem
nenhum cabimento", afirmou. Marco Maia reafirmou que Valério tenta, com as
declarações, melhorar sua condição de condenado. O empresário foi condenado a
mais de 40 anos no processo do mensalão, julgado pelo Supremo no ano passado.
"Marcos Valério não é fonte confiável. É uma pessoa que foi condenada e
busca, agora, criar um fato político que possa atenuar a sua condição. Não me
parece razoável que, a partir desse tipo de declaração, tenha de se reabrir um
caso que já está completamente investigado e tratado pelo Estado brasileiro nas
suas mais variáveis instâncias", completou. O líder do PT no Senado,
Walter Pinheiro (BA), afirmou que há uma "campanha" de tentar atingir
o ex-presidente. O petista, contudo, avalia que o alvo é a sucessão
presidencial do próximo ano. "Quem usa (as declarações de Marcos Valério)
está querendo atingir outro alvo", afirmou, referindo-se a um eventual
desgaste para Dilma Rousseff, provável candidata do partido à reeleição.
"É uma metralhadora giratória: como o sujeito está sem bala na agulha, termina
jogando de qualquer jeito", criticou. Imune. Tanto a base aliada quanto à
oposição destacam que uma eventual apuração criminal contra o ex-presidente não
afugentaria investidores internacionais do País. Walter Pinheiro lembrou que,
durante o julgamento do mensalão, "nenhum investidor deixou de vir para o
País". Ele cutucou a oposição ao afirmar que foi durante o governo
Fernando Henrique Cardoso, por causa do Proer, o programa de recuperação de
bancos com problemas de solvência, que investidores externos deixaram o Brasil.
"Ali, sim, que os investidores caíram fora". O tucano Alvaro Dias
disse que as instituições brasileiras são sólidas e que não há risco de os
vendavais políticos contaminarem o ânimo dos investidores internacionais para
com o País. "Nesse aspecto, há absoluta segurança", afirmou.
Fonte: O Estadão.
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