terça-feira, 6 de novembro de 2012

COTIDIANO DO MENSALÃO



Redução da pena de Valério depende de aval do MP, diz Ayres Britto

Presidente do Supremo ressaltou que o Judiciário só age se for 'provocado'. Segundo Gurgel, não cabe mais delação premiada ao operador do mensalão.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, enfatizou nesta segunda-feira (5) que a corte não pode avaliar uma eventual redução na pena de Marcos Valério se o Ministério Público se posicionar contra o benefício. O operador do mensalão ofereceu delação premiada aos magistrados da Suprema Corte para tentar diminuir a pena que já soma mais de 40 anos de prisão. Na avaliação do chefe do STF, o Judiciário só poderia discutir uma diminuição na pena de 40 anos, 1 mês e 6 dias de prisão de Valério caso fosse “provocado” pelos procuradores da República. "Nós do Judiciário não temos o poder do autoimpulso. Nós somos provocados. Diante de uma provocação é que deliberamos. Se o Ministério Público nada vai propor, não nos cabe fazer absolutamente nada", ressaltou Ayres Britto ao G1, após receber o título de doutor honoris causa de uma universidade particular em Aracaju. Nesta tarde, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reafirmou que não é possível Valério se beneficiar de um eventual acordo na ação penal que está na fase final de julgamento. Os ministros do STF condenaram o operador do mensalão pelos crimes de corrupção ativa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha. Em setembro, a defesa de Valério enviou um fax para o presidente do STF propondo revelar novos crimes cometidos a partir do mensalão em troca de ter a punição reduzida. Para Gurgel, neste momento do processo, não caberia a delação premiada. "Deveria acontecer até o fim da instrução criminal, que ocorreu no primeiro semestre do ano passado", observou o procurador. Gurgel, no entanto, afirmou que é possível usar o conteúdo de depoimentos de Valério em ações que tramitam na primeira instância nos estados de Minas Gerais e São Paulo. De acordo com o chefe do Ministério Público, se o operador do mensalão trouxer à tona novas provas que auxiliem os procuradores da República a elucidar desdobramentos do mensalão, ele poderá se beneficiar com reduções de penas futuras. "Não é impossível em relação a esses outros casos. O Ministério Público nunca faz acordos que impliquem afastamento da responsabilidade penal. Ele continuará respondendo e isso poderá vir a beneficiá-lo em uma redução de pena, na dosimetria, nessas futuras ações", disse mais cedo o chefe do Ministério Público.
Fonte: Fabiano Costa e Flávio Antunes Do G1 – SE.


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