COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
COMO SEMPRE É SÓ ENCENAÇÃO
Nobres:
Não é hilariante e que se
transforma em comédia pelos atuais (Deus seja passageiros) ao querer a reforma
política, desde que ela entre em vigor somente em 2040, quando todos já terão
deixado a política. Em outras palavras, ninguém quer, de fato, mudar um sistema
pelo qual foi eleito. Sem consenso, a reforma política está emperrada no
Congresso. Os motivos são vários, mas podem ser sintetizados na declaração dada
por um desses parlamentares e ao que parece formam consenso nas suas opiniões. É
uma pena se isto de fato ocorrer porque o Brasil estará dando uma sobrevida a
um sistema político que não representa ninguém. Os partidos estão
desacreditados e os seus integrantes são rejeitados e acusados de corrupção. O
sistema eleitoral elege candidatos com poucos votos enquanto derrotam outros
que tiveram o dobro da votação. E o que se vê são alguns defendendo esta
deformação com necessária à renovação. As esdrúxulas coligações nas eleições
para os cargos legislativos enganam o eleitor ao levá-lo a eleger candidatos
com quem não tem a menor afinidade. Ou seja, o eleitor vota em um candidato de
um partido contrário à pena de morte e acaba elegendo alguém de outro partido
que defende a medida. E são tantos os partidos, trinta e cinco no total que
ninguém é capaz de dizer o nome de um terço deles. E, acreditem: nos próximos
dias, será autorizado a funcionar o 36º partido político brasileiro, o Muda
Brasil, que, na verdade, não mudará nada, já que tem como um dos líderes um
ex-deputado condenado no mensalão e há 67 outras legendas em processo de
formação. O que motiva a formação de tantos partidos é o acesso ao fundo
partidário – uma bolada de R$ 819 milhões e o tempo de propaganda gratuita no
rádio e na TV dentro e fora do período eleitoral. É evidente que essas
deformações dos sistemas político e eleitoral deveriam ser expurgadas de nossa
legislação. Mas, o que está prevalecendo é o interesse de cada um: os partidos
nanicos rejeitam a cláusula de barreira que exigiria uma votação mínima para o
acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e TV; os deputados sem-votos não
querem acabar com as coligações nas eleições proporcionais e lutam contra a
criação de distritos; e há até quem só aceita mudanças se for criado outro
fundo de recursos públicos para financiar as campanhas. No meio de tantos
desencontros, fica a esperança de que o Congresso tenha pelo menos o bom senso
de aprovar uma cláusula de barreira que reduza a fragmentação partidária, a
proibição das coligações nas eleições proporcionais e alguma forma de reduzir
os gastos com as campanhas eleitorais, mas é praticamente uma ‘exibição’.
Antônio Scarcela Jorge.
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