domingo, 17 de setembro de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 17 DE SETEMBRO DE 2017

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
A SOCIEDADE NÃO INSPIRA CONFIANÇA EM TEMER

Nobres:
A lógica vem prevalecendo no sentido de não considerar no atual Presidente da República por algumas razões estão sendo assacada a Michel Temer uma maior figura que representa o país. Neste contexto foi prestado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot em desfavor de Temer e seus aliados, que apresenta, em 245 páginas, amplos, variados e muitas vezes sólidos indícios de conduta criminosa. As acusações não se fundamentam apenas em declarações de delatores embora, sem dúvida, os acordos celebrados com executivos da Odebrecht e de outras empresas tenham se mostrado indispensáveis para as investigações. Evidências concretas, como planilhas e gravações telefônicas, além de registros de contas no exterior e sinais de fraude em licitações, indicam que uma rede milionária de ilícitos se constituiu em torno do Poder Executivo. Tudo isso, entretanto, é bem conhecido e vem sendo objeto de diversas apurações que já correm, envolvendo personagens como Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Alves e nomes da confiança de Temer como Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco. A denúncia recém-apresentada por Janot rememora outras acusações, provas e sentenças. Isso se dá porque o objetivo da Procuradoria é acusar os envolvidos de dois novos delitos: integrar organização criminosa e obstruir a Justiça. É difícil crer, sob um ângulo político, que a Câmara, tendo rejeitado uma denúncia anterior, e muito mais grave, contra o presidente da República, venha a convencer-se dos argumentos bastante discutíveis do ponto de vista técnico agora sistematizado por Janot. No primeiro caso, tinha-se uma conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS, da qual emergiu a indicação do ex-deputado Rocha Loures como intermediário de confiança para contatos ulteriores. Poucos dias depois, Loures foi flagrado com uma mala de dinheiro entregue pela JBS. Embora se mostre precipitado considerar que o chefe do Executivo fosse o destinatário final da propina, havia elementos plausíveis para levar adiante a denúncia. O crime de organização criminosa é, contudo, mais complexo de ser identificado do ponto de vista jurídico; no caso do mensalão, por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal considerou que acusação do gênero (então denominada formação de quadrilha) não se aplicava ao petista José Dirceu e figuras a ele associadas. Quanto à obstrução da Justiça, uma frase isolada do presidente "tem de manter" foi interpretada como sinal de que se tentava comprar o silêncio de Cunha. Parece duvidoso que a atual composição do STF viesse a dar seguimento à iniciativa de Rodrigo Janot; muito menos a Câmara dos Deputados, numa denúncia mais contestável do que a rejeitada não faz muito tempo. Neste mar de lama se entende que é tomada as medidas enérgicas no sentido de reforçar o imperativo de democracia, cuja solidez é incontestável pelo menos minimizando ações corruptas no que vem acontecendo a todo vapor.

Antônio Scarcela Jorge.

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