COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
O PAÍS SEM RUMO
Nobres:
O Comprometimento das
instituições de Estado brasileiro de forma generalizada eleva o constrangimento
e ao mesmo tempo perplexidade para sociedade. Neste ‘desentendimento’ o Judiciário
partiu para o ataque. O ministro do Supremo Luiz Fux e o procurador geral da
República, Rodrigo Janot, fez coro de que o Congresso Legislativo tenta
enfraquecer a Justiça, como ocorrera na Itália, na operação Mãos Limpas. Não
faltam argumentos para corroborar as afirmações. Fux lembrou que, na votação das
medidas contra a corrupção um projeto de iniciativa popular com o Ministério
Público, os congressistas batalharam para incluir mecanismos de restrição e
punição de juízes e promotores. Agora, na reforma política, são propostos
mandatos limitados para integrantes das Cortes superiores. Essa seria uma
discussão salutar, não fosse o fato de que, entre as pessoas que querem definir
as regras, estão 238 parlamentares que hoje respondem a algum tipo de processo
muitos por corrupção no Supremo. Mas igualmente verdade é que o Judiciário vem
perdendo apoio da população. O Índice de Confiança da Justiça, da Fundação
Getulio Vargas, mostra que a instituição tem o apoio de 24% dos entrevistados.
No ano passado, eram 30%. Para o Ministério Público, a queda foi maior: de 44%,
em 2016, para 28%, agora. Pesam para esse resultado ações como a do ministro
Gilmar Mendes, que, por duas vezes, mandou soltar um empresário do setor de
transportes do Rio flagrado em gravações ameaçando de morte pessoas que
testemunharam contra ele. Não sem motivo, outra pesquisa, do Instituto Ipsos,
mostra que Gilmar tem 67% de reprovação. Também não colaborou muito o pedido de
reajuste salarial de 16% para procuradores, aprovado e engavetado em meio à
crise econômica, e a reação de um juiz de Mato Grosso que recebeu meio milhão
de reais no salário de julho: “Não tô nem aí”. A abertura de todos os
contracheques pelo portal do Supremo, ontem, já é uma iniciativa para começar a
corrigir os problemas. A defesa da Lava Jato e a luta contra a corrupção é
essencial ao país, mas o Judiciário precisa, ao mesmo tempo, corrigir suas
mazelas e não esquecer de que a Justiça tem que ser isonômica.
Antônio Scarcela Jorge.
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