COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
ENTRAVE
INSTITU-
CIONAL
INSTITU-
CIONAL
Nobres:
Com o advento da Constituição de
1988 o setor público se tornou o maior entrave ao desenvolvimento econômico
brasileiro. Criaram-se regras demais e deu-se muito poder a esse setor para
barrar o desenvolvimento da produtividade no Brasil. Direito aos funcionários
públicos serem prepotentes, autoritários e arbitrários; proteção à ineficiência
e imobilismo deles, direito de parar, encarecer e adiar tremendamente
investimentos, e elevar substancialmente
os riscos dos empreendimentos são alguns dos muitos instrumentos
constitucionais postos à disposição dos agentes públicos. E eles estão mais
eficientes na utilização desses instrumentos com o fim de prejudicar o desenvolvimento
do Brasil. De lá, até o presente vivemos uma nova fase desse processo de
atrapalhação, que é a era do Apagão das Canetas. Inventaram tantas regras e os
órgãos de controle se tornaram tão eficientes em obstaculizar o desenvolvimento
e condenar todos os cidadãos brasileiros igualmente de forma democrática e
universal, atingindo tanto quem quer gerar progresso como quem quer assaltar os
cofres públicos, que hoje ninguém quer se responsabilizar ou pôr sua assinatura
em nada mais de consequências relevantes. O setor público está parando de vez.
Essa postura dos agentes de controle está causando uma cisão na classe
dominante do Brasil e com isso está parando o país. Na redação da Carta Magna
de 1988, que talvez já devesse ser de fato chamada de Carta Maligna,
promoveu-se uma revolução no Brasil. A classe dominante, que antes era formada
por grandes empresários, foi desbancada e o país passou a ser controlado
hegemonicamente pela burocracia estatal de alto escalão. O processo não foi
imediato, pois esse segmento social não estava consolidado. Encontrava-se ainda
desorganizado, mas sua maturação e apropriação do poder já foi assegurado nas
regras estabelecidas traziam o trunfo de ser o sonho de pertencimento das
classes sociais que derrotaram o regime militar: a classe média, principalmente
a que vivia em torno do setor público. Atrelar aí dois segmentos, os
funcionários públicos propriamente ditos, e os corruptos que viviam no seu entorno.
As classes trabalhadoras obtiveram alguns ganhos aparentes na Carta Maligna em
troca de seu suporte e participação na luta. Entretanto, foram na sua maior
parte de natureza populista, pois na verdade lhes eram também prejudiciais. A
própria consolidação do poder dos sindicatos e da justiça do trabalho à levar
tempo de redução brutal do ritmo de elevação da produtividade é um exemplo. Os ganhos
possíveis de curto prazo retiram bem-estar do trabalhador no longo prazo, ao
decorrer de sua vida, por causa da perda de renda que adviria do maior
crescimento econômico de longo prazo. A partir dessa consolidação no poder, o
que veio com seu amadurecimento, surgiu uma fonte importante de cisão dela. Os
órgãos de controle e o judiciário não só afundam a sociedade, mas aumentaram
também sua condenação dos indivíduos do próprio alto escalão do executivo, seja
por tentativas de desvios de recursos mesmo ou apenas por agirem para gerar
progresso. Como consequência, eles estão parando o Brasil, O resultado é que o
setor público está ficando muito ineficiente e o país desgovernado. Isso ocorre
em todos os níveis de poder, desde o Governo Federal, até os municípios pequenos.
Esse processo está levando a colapso do país e certamente é o substrato para
uma mobilização da sociedade para uma nova revolução. As manifestações no
governo Dilma tinham parcialmente esse objetivo, entre outros, mas até elas
foram capturadas e resultaram apenas em um grito contra a corrupção que findou
apenas para retirar o PT do poder uma legenda “ideológica” que inspirou a
mentira, a corrupção sendo evidentemente responsável (in) pelo maior descalabro
no país. A sociedade deverá promover ações principalmente no caso do novo
Congresso Nacional eleito não esteja alerta e possa trazer o comando do Brasil
para seus verdadeiros donos, os trabalhadores e os empresários, de todos os
portes, igualmente representados como cidadãos. Infelizmente falta hoje uma liderança
capaz de conduzir esse processo. Pelo quadro eleitoral que se apresenta até
então, não parece que nessa eleição já vamos entregar o comando a pessoas aptas
a promover essa renovação, se for o quadro desolador que ora presenciamos e que
tem gerado tantos sacrifícios por causa da letargia do setor público, e
consequente lentidão do crescimento econômico, ao menos pode eventualmente nos
legar um benefício importante para todos os brasileiros, que é ‘suprimir’ esse
poder que ora impera sistematicamente a corrupção num futuro próximo. É que
esperamos.
Antônio Scarcela Jorge.
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