COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
A
HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
PRESSÃO COM PATRIOTISMO E SUPERFICIALISMO SEM ANÁLOGOS
Nobres:
Hoje é expectativa com o jogo a
ser realizado a partir das onze horas entre a Seleção Brasileira e Seleção do
México válida pelas quartas de finais da presente Copa do Mundo. É inegável que
sempre houve pressão sobre os jogadores do Brasil em eventos desta magnitude,
isto com raríssimas exceções. A história das Copas nos “contam”. Coincidentemente,
comemoramos 60 anos da primeira conquista brasileira na Copa do Mundo, na final
de 29 de junho de 1958, contra a Suécia. A Copa do Mundo de 1958 concernentes ao
Brasil o time da “ginga” também sofria uma pressão enorme, pois seu estilo de
futebol era criticado pela perda da Copa de 1950, no Brasil, diante de um
Maracanã com 200 mil pessoas. Depois, ainda viria a desqualificação nas
quartas-de-final em 1954, contra a Hungria, no jogo conhecido como a Batalha de
Berna, devido à pancadaria, no final envolvendo jogadores brasileiros
desequilibrados. Uma segunda coincidência é o fato de o time atual estar sendo
cobrado pelo vexame da Copa de 2014, perdida em casa, com o agravante do 7 x 1
diante da Alemanha. Em 1950, pelo fato de estar jogando aqui, a seleção achava
que atropelaria os uruguaios. O excesso de confiança era o mesmo quando o
Brasil dançou na roda alemã. O mesmo excesso que agora tirou a campeã do mundo
já na primeira fase da disputa de 2018. Em 2014, criticou-se muito o estilo
brasileiro e exaltou-se o moderno e organizado futebol do time de Thomas Müller
e Miroslav Klose. Os comentários sempre foram muito semelhantes aos da Copa de
58: “o futebol já não é mais o mesmo”, “não há times bobos”, “firula não conta,
o que conta são gols”. Em 2014, criticou-se muito o estilo brasileiro e
exaltou-se o moderno e organizado futebol do time de Thomas Müller. Na terceira
coincidência, o país sede da Copa de hoje lançou, em maio de 1958, o satélite
Sputnik III, permitindo a transmissão ao vivo da Copa da Suécia para vários
países exceto para o Brasil, onde praticamente ainda não havia televisão.
Pode-se dizer que a vitória brasileira colocou o país no mapa mundial. Nesse
time estava Pelé, a grande revelação, que mais tarde seria coroado como o “Rei
do Futebol”, o artilheiro de mais de mil gols, único jogador a ser tricampeão
pela seleção brasileira e o embaixador do Brasil em qualquer parte do mundo.
Agora, imaginem a pressão sobre um moleque de 17 anos (convocado com 16 anos o
jogador mais novo até hoje a ser campeão mundial) que, dois anos antes, ainda
jogava descalço em campo de terra, com bola de meia, num bairro pobre da cidade
de Bauru (SP). Estreando mal e com jogadores contundidos, o técnico Vicente
Feola só podia contar com a dupla Pelé e Garrincha no terceiro jogo, contra a
União Soviética. Os craques da “ginga” acabam com a partida, vencendo por 2 x
0, com dois gols de Vavá. Depois, o Brasil passaria por País de Gales (Pelé faz
o único gol) e pela França (Pelé faz três gols dos 5 x 2), para fazer a final
com a Suécia, vencendo por outro 5 x 2 com outros dois gols de Pelé, que saiu
de lá consagrado para o resto de sua vida. Esta foi a pressão de ontem, fator
corriqueiro e natural. Mas a pressão de hoje conduz em outra fase: vaidosos e
bilionários jogadores de hoje se tornaram valiosas peças de propaganda, um
produto de desejo, uma imagem a ser vendida, assumindo o que todos gostariam de
ser. É certo que, para muitos, a saída da favela é vendida pelo futebol e não
pela educação. Os nossos atletas-modelos ganham prêmios por vitórias acima de
qualquer mortal trabalhador; alguns sonegam impostos e são perdoados. Já na
Copa de 1958, o prêmio para cada jogador foi de US$ 2 mil e Pelé ganhou uma
televisão, como “bicho” pela sua atuação. Não é nosso caso, de torcer agora
pelo que representa o futebol para o Brasil, mas devemos lembrar que a seleção
mais importante que vamos escolher será em outubro, pelo voto. Esta é a que
conta para sermos campeões em saúde, educação e economia. Informe-se, tenha
consciência e não coloque o time errado em campo! Sem vaidades e sem pressão é
o que podemos esperar.
ANTÔNIO SCARCELA JORGE
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