COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
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Nobres:
Num país onde a corrupção tornou-se
padronizada e dominada pelos políticos da atualidade se criam artifícios para
vossas sobrevivências em função da “vitaliciedade” do poder que na prática imperialista
ultraja aos sistemas do Estado Brasileiro desde sua independência. Outros estão
moldados no contexto eleitoral. Presentemente é encontrar a perfeição para
discorrer os laboratórios maquiavélicos é premissa, tanto é, que foi o tempo em
que todos os partidos políticos tinham como ambição máxima eleger o presidente
da República, além de governadores e senadores. Com o financiamento público das
campanhas, a grande meta dos partidos médios é eleger o maior número de
deputados federais, pois do tamanho da bancada dependerá a verba que cada um
receberá do fundo eleitoral nas próximas eleições. Isso explica, em grande
parte na costura das alianças, que aumenta a incerteza sobre a eleição
presidencial. A Presidência e os governos estaduais tornaram-se
secundários, a não ser que o partido tenha um ás na manga, um nome com grandes
chances de vitória. Lançar candidatos com poucas chances a estes cargos
tornou-se desperdício. Campanhas majoritárias consomem muito dinheiro e energia
política. O MDB só engoliu Meirelles depois que ele resolveu bancar a própria
campanha. Pela mesma razão, com a desistência de Joaquim Barbosa o PSB optou
por não ter candidato. O tamanho das bancadas já era importante para
garantir o poder de barganha dos partidos com o presidente eleito. Ele
determinava também o tempo de televisão e a cota do fundo partidário (financiador
da atividade partidária, não das eleições, embora o dinheiro acabe se
misturando). Com o financiamento das campanhas pelo fundo eleitoral, o sucesso
na eleição de deputados tornou-se questão de sobrevivência. Quem não fizer uma
boa bancada agora terá menos dinheiro nas eleições de 2020 (municipais) e 2022
(gerais), podendo entrar em rota de extinção, risco que se agrava com a
vigência inicial da cláusula de barreira. Essa nova prioridade afetou o
eixo da disputa e das alianças. Elas estão atrasadas porque os partidos médios
vão esperar o quanto puderem por um quadro mais claro. E farão a escolha
levando mais em conta os ganhos que teriam na eleição parlamentar do que as
afinidades ideológicas com o candidato. O outro impacto será sobre a composição
da Câmara. Como os atuais deputados já são conhecidos, já tendo serviços
prestados aos eleitores de seus redutos via emendas orçamentárias, levam
vantagem na disputa com os estreantes. E para acentuar esta tendência, os
partidos reservaram para eles o maior quinhão da cota financeira destinada à
eleição parlamentar. Assim a taxa de renovação da Câmara deve ser baixíssima,
apesar de tantos encrencados na Lava Jato e do desprezo dos eleitores mais
exigentes.
Antônio Scarcela Jorge.
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