sexta-feira, 6 de agosto de 2021

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 06 DE AGOSTO DE 2021 (POSTADO ÀS 9:03 H)

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
AVANÇO NO ENSINO EDUCACIONAL
 
Nobres:
Sempre fui partidário do sistema educacional à distância, desde tempos do ensino por correspondência que há cinquenta anos passados era tido como chacota fruto da cultura do nosso povo que de geração a geração é norma do Brasil. Não faz muito tempo, seja por desconhecimento, seja por mero preconceito, falava-se sobre a importância e a contribuição das instituições privadas para o ensino desde o fundamental ao superior com certo constrangimento, mas, felizmente, isso são águas passadas, os números falam por si: o Espelho disso, notadamente as instituições particulares somente abrigam hoje 76% dos 8,6 milhões de universitários no país e permitiram que, pela primeira vez, tenhamos mais alunos das classes C, D e E.  No ensino superior do que os de famílias das classes A e B. Além de escala e do perfil mais inclusivo do segmento privado, que tem 90% dos alunos oriundos das classes CDE, a tarefa de formar com qualidade também vem sendo realizada, Um dos balizadores mais importantes do setor, o Indicador de Diferença de Desempenho (IDD), mede justamente isto: a variação no desempenho acadêmico de um estudante ao fim do ensino médio (resultado no Enem) e no momento de sua graduação no nível superior (no Enade). Porque estimamos isso fundamentalmente o ensino superior, o fundamental e médio estimamos a construção vocacional do infante e do adolescente em sua maioria não escolheram naturalmente as suas convicções. De acordo com o censo mais recente do Inep (2019) as instituições privadas constituem 73% de todas com IDD considerado satisfatório (conceito 3 ou mais, numa escala de 1 a 5) e 72% das que possuem nota máxima. Porém, se evoluímos em dar às instituições privadas seu devido peso e crédito, ainda persistem certo nível de desconhecimento e um desconforto quando falamos do ensino a distância (ou ensino digital). Se observado sob as mesmas lentes da inclusão, da qualidade e do potencial de transformação social, o E a D representa uma verdadeira revolução em andamento, cujos benefícios iremos colher ao longo das próximas décadas. Um primeiro mito que precisamos derrubar é o de que o E a D canibaliza o ensino presencial tradicional. Os dados do setor mostram claramente que isso não acontece. O número de alunos mensalistas do ensino presencial inclusive registrou leve aumento nos últimos cinco anos com os dados disponíveis, para a casa dos 3,6 milhões, em 2019. Amplamente reduzido levando a uma busca pelas mensalidades mais baixas do E a D foi o financiamento público ofertado. Em 2014, o FIES, principal programa desse tipo, mantinha quase 1,4 milhão de pessoas estudando. Em 2019, esse número era de 700 mil estudantes. O crescimento do E a D se deve a três grandes grupos de alunos, com tamanhos semelhantes. O primeiro são os que perderam o financiamento público, logo a condição financeira para cursar o presencial. A esses somamos as pessoas que estão em municípios de pequeno porte, longe dos grandes centros, que não teriam condições de receber um campus, mas que comportam um polo E a D. Por último, temos uma massa de 18 milhões de pessoas que concluíram o ensino médio, mas que não ingressaram no ensino superior. Essas pessoas estão vendo colegas buscando, com sucesso, uma educação adicional em diferentes momentos da vida e estão voltando a estudar. Para as pessoas que não têm dinheiro, tempo ou acesso físico, o E a D é uma alternativa excepcional quando não a única opção. Cidades como a nossa Nova-Russas não tem universidade pública já teve um campus universitário bem mais amplo com vários cursos e como se eleva o padrão negativo desta urbe: - já teve-. O acesso a uma universidade é uma possibilidade apenas para uma parcela ínfima da população. Esse é o perfil típico e propício à instalação de um polo de ensino a distância um exemplo entre milhares, literalmente, em todo o Brasil. Nos bons E a D em geral os resultados do Enade são comparáveis ou melhores que os do presencial das mesmas instituições. O conteúdo a que esses alunos passam a ter acesso é produzido por professores das melhores universidades do país, privadas e públicas, complementados por palestras de ministros, esportistas, CEOs, educadores renomados e muitos outros. É a tecnologia levando conhecimento até outro dia restrito aos jovens da elite para todas as classes sociais, em todo o país e em todos os momentos da vida. A metodologia de ensino é nativa digital, criada para o smartphone e para a internet de baixo desempenho, bastante comum em diversas regiões do país. O conteúdo é formatado pensando no engajamento dos jovens (de todas as idades), buscando sermos competitivos com a miríade de distrações que o mundo moderno proporciona – em especial as redes sociais e os jogos eletrônicos. São vídeos curtos, textos, pesquisas na internet, testes rápidos, resumos, podcasts, sempre atualizados e se alternando na velocidade do mundo atual. No presencial, o tempo de ensino é definido pelo professor, enquanto no E a D quem faz o tempo é o aluno. Por este lado temos a professora autodidata, que já dá aula na escola municipal local, e que precisa de mais ferramentas para fortalecer a educação de base. Temos o mestre de obras que quer ser engenheiro e construir um prédio. O dono do mercado que quer expandir seu negócio, e o artesão que quer vender on-line para o mundo. Empreendedores, dos quais tanto dependemos como sociedade, e que agora, de forma simples, flexível, ampliam seus horizontes. São pessoas que acessam uma universidade pela primeira vez na história de suas famílias. Não tenhamos, portanto, constrangimentos, dúvidas ou preconceitos com relação ao E a D. As ferramentas digitais vieram para incluir e dar acesso. E a velocidade que estamos abraçando essas ferramentas é fantástica. Temos uma pequena revolução em andamento, que, no último censo (pré-pandemia), já contemplava 2,3 milhões de brasileiros. Número que irá, sem dúvida, seguir crescendo muito, abrindo uma imensa oportunidade para transformar o futuro do nosso país. Saliento que recorremos às estatísticas para poder constatar os fatos.
Antônio Scarcela Jorge.

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