COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
Nobres:
Este mês de agosto está sendo confirmadas as crises mais de aspecto escuso e imoral que infelizmente se proclama neste país, vem de longe, relembro-me apenas nos nossos nove anos de idade, levados pela minha mãe politizada e religiosa a casa do seu Nascimento para ouvir a noite no seu possante rádio receptor que operava de ondas médias e curtas dada a precariedade do radio comunicação nesta cidade. Dado feito que decorrido sessenta anos o Brasil começava a se debater com uma das maiores crises de sua História, ao que parece mudou nada, é o vídeo tape permanente e inseguro em que as fatídicas esquerdas sempre e eternamente se projetaram, o sangue de geração em geração se tornou notória e ao mesmo tempo vulgar. As nossas lembranças não é tudo, mas recorremos a leitura da história para estabelecer o real. Antes naquela manhã, para espanto geral, o presidente Jânio da Silva Quadros renunciou. Eram apenas sete meses desde que assumira, na maré alta de uma campanha de moralização que, em poucas semanas, levou o Planalto a se tornar usina de inquéritos, demissões e sindicâncias. O presidente, de punhos crispados, logo depois empurraria o país para um clima de despolitização e desilusão; um porre de decepção, uma coisa mais transcendente e até natural nestes últimos dias. De repente, o homem da vassoura, que tinha chegado para varrer corrupção e maus costumes, também despertou raiva. Mas, quanto a isso, pouco se importava: em outra ocasião, como que se antecipando aos fatos, dissera que o povo não gosta de amar; gosta de odiar. Vinha escrevendo uma carreira política fulminante. Em 14 anos foi de vereador paulistano a presidente brasileiro. Não estávamos acostumados com retiradas na política. Antes dele, só Pedro I renunciara em 1831, Feijó em 1837 e Vargas em 45. Deodoro, em 1891, não conta: sua despedida foi o empurrão de Floriano. Hoje estão removidas as dúvidas. O gesto de Jânio não foi, como se imaginou, a precipitação de uma noite de intensa intimidade com o uísque. Atribuindo, vagamente, a responsabilidade do gesto a “forças ocultas”, ele saia, com a intenção de logo voltar, carregado de poderes excepcionais; como saíram e voltaram Peron e Nasser, além de Charles De Gaulle, que, fortalecido, salvou a França. Antes, Jânio queixara-se com Tancredo e Etelvino Lins: com essa gente do Congresso não dá pra governar. Mas calculou mal. (no pretérito e o atual não é triste coincidência!) Numa sessão do Congresso que durou quatro minutos, presidida por Moura Andrade, a breve carta de renúncia foi lida, e anunciada à vacância do cargo. Começavam, naquela hora, novas e longas rupturas, caras e dolorosas para os patéticos esquerdistas. Acabava, assim, o fenômeno Jânio Quadros, que há pouco se elegera com 47% dos votos; e se despedia derrotado e nele a popularidade revelava, mais uma vez, ser o monstro que não perdoa: aplaude ou devora e nem faz concessão a personalidades controvertidas. Para os supersticiosos, que nunca falta, aquele 1961era um ano aziago, de estranhas coincidências na América. Três presidentes, Jânio, Jango e John Kennedy. Todos com J no nome, todos com 43 anos, e nenhum deles terminaria o mandato.
Antônio Scarcela Jorge.
Scarcela Jorge
AGOSTO TÍPICO DAS CRISES
Nobres:
Este mês de agosto está sendo confirmadas as crises mais de aspecto escuso e imoral que infelizmente se proclama neste país, vem de longe, relembro-me apenas nos nossos nove anos de idade, levados pela minha mãe politizada e religiosa a casa do seu Nascimento para ouvir a noite no seu possante rádio receptor que operava de ondas médias e curtas dada a precariedade do radio comunicação nesta cidade. Dado feito que decorrido sessenta anos o Brasil começava a se debater com uma das maiores crises de sua História, ao que parece mudou nada, é o vídeo tape permanente e inseguro em que as fatídicas esquerdas sempre e eternamente se projetaram, o sangue de geração em geração se tornou notória e ao mesmo tempo vulgar. As nossas lembranças não é tudo, mas recorremos a leitura da história para estabelecer o real. Antes naquela manhã, para espanto geral, o presidente Jânio da Silva Quadros renunciou. Eram apenas sete meses desde que assumira, na maré alta de uma campanha de moralização que, em poucas semanas, levou o Planalto a se tornar usina de inquéritos, demissões e sindicâncias. O presidente, de punhos crispados, logo depois empurraria o país para um clima de despolitização e desilusão; um porre de decepção, uma coisa mais transcendente e até natural nestes últimos dias. De repente, o homem da vassoura, que tinha chegado para varrer corrupção e maus costumes, também despertou raiva. Mas, quanto a isso, pouco se importava: em outra ocasião, como que se antecipando aos fatos, dissera que o povo não gosta de amar; gosta de odiar. Vinha escrevendo uma carreira política fulminante. Em 14 anos foi de vereador paulistano a presidente brasileiro. Não estávamos acostumados com retiradas na política. Antes dele, só Pedro I renunciara em 1831, Feijó em 1837 e Vargas em 45. Deodoro, em 1891, não conta: sua despedida foi o empurrão de Floriano. Hoje estão removidas as dúvidas. O gesto de Jânio não foi, como se imaginou, a precipitação de uma noite de intensa intimidade com o uísque. Atribuindo, vagamente, a responsabilidade do gesto a “forças ocultas”, ele saia, com a intenção de logo voltar, carregado de poderes excepcionais; como saíram e voltaram Peron e Nasser, além de Charles De Gaulle, que, fortalecido, salvou a França. Antes, Jânio queixara-se com Tancredo e Etelvino Lins: com essa gente do Congresso não dá pra governar. Mas calculou mal. (no pretérito e o atual não é triste coincidência!) Numa sessão do Congresso que durou quatro minutos, presidida por Moura Andrade, a breve carta de renúncia foi lida, e anunciada à vacância do cargo. Começavam, naquela hora, novas e longas rupturas, caras e dolorosas para os patéticos esquerdistas. Acabava, assim, o fenômeno Jânio Quadros, que há pouco se elegera com 47% dos votos; e se despedia derrotado e nele a popularidade revelava, mais uma vez, ser o monstro que não perdoa: aplaude ou devora e nem faz concessão a personalidades controvertidas. Para os supersticiosos, que nunca falta, aquele 1961era um ano aziago, de estranhas coincidências na América. Três presidentes, Jânio, Jango e John Kennedy. Todos com J no nome, todos com 43 anos, e nenhum deles terminaria o mandato.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário