domingo, 22 de outubro de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - DOMINGO, 22 DE OUTUBRO DE 2017








COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
MODIFICAÇÃO NAS CAMPANHAS

Nobres:
Seria de bom alvitre, mesmo que seja impossível num estado de corrupção imperativa que envolve os poderes constituídos da república poderíamos discorrer sobre uma reforma política realmente preocupada com os interesses nacionais deveria, antes de qualquer coisa, adequar de vez os gastos de quem busca votos às carências financeiras do país. Como se não bastasse o uso de dinheiro público como forma de compensar o veto a doações de empresas para financiar campanhas eleitorais, os congressistas pretendem agora se valer também de recursos das chamadas emendas parlamentares. Ora, ou essas verbas são necessárias para atender a pleitos das comunidades, ou não são. Desviar esse tipo de recurso para financiar políticos é uma deformação ainda mais grave do que as próprias emendas. O que o país precisa é de uma reforma política de fundo, que barateie radicalmente os custos de campanhas. Na maioria dos países europeus, eleições são realizadas a custos mínimos. Como a população se mostra vigilante, as discussões e debates sobre projetos de governo e biografias são travados prioritariamente na imprensa. Não há, portanto, custo para os partidos ou para a nação, pelo natural interesse dos meios de comunicação com a campanha eleitoral. No Brasil, ainda que as carências financeiras sejam maiores, o fundo partidário acaba sugando dinheiro que deveria ir para áreas como educação, saúde, segurança pública e infraestrutura. Mesmo com o aumento dos controles, ainda sobram margens para problemas como caixa 2 e propina, que ajudam a manter figuras como os marqueteiros, responsáveis pela eleição de candidatos muitas vezes com base apenas numa imagem construída para atrair votos. A insistência em recorrer ao dinheiro de emendas parlamentares que, por si só, contribui para agravar ainda mais as distorções. Com freqüência, esse instrumento vem se prestando para alimentar um verdadeiro balcão de negócios. Quando isso ocorre, os recursos são direcionados não para as bases eleitorais, mas como forma de o Executivo convencer um ou outro parlamentar a votar de acordo com os seus próprios interesses. O uso de parte dessas verbas em períodos eleitorais tende a contribuir também para reforçar feudos políticos, dificultando a renovação no Congresso. Negociar, é lema de um governo no caso o atual não tenha vergonha de se instar.
Antônio Scarcela Jorge.

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