COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
POPULISMO REGRADO A ENGANAÇÃONobres:
Como o povão eleito adora se enganar, como de outras vezes, tem por natural o demasiado populismo. Neste contexto 'historiamos' no curso dos governos de Lula é a causa da
irresponsabilidade em que se proclama neste país. Ao consolidar em apenas dois
anos atrás, a inépcia do governo Dilma Rousseff (PT) na elaboração do Orçamento
de 2016 precipitou o rebaixamento de crédito do Brasil entre as nações mais
poderosas do mundo. Agora, a gestão de Michel Temer (PMDB) deu mostras de que
pouco aprendeu com aquele episódio. Aos olhos de hoje, os problemas de então
podem parecer banais. A administração petista desmoralizou-se, na época, ao
enviar ao Congresso uma peça orçamentária com déficit de R$ 31 bilhões, sem
contar os encargos com juros da dívida. Nos últimos dias, debateram-se cifras
de até R$ 177 bilhões para o rombo de 2018. Em meio a idas e vindas, definiu-se afinal
nesta terça-feira (15) a nova meta de R$
159 bilhões para este ano (eram R$ 139 bilhões) e o próximo (em lugar de R$ 129
bilhões). Não se dissipam, porém, as dúvidas suscitadas em torno da
possibilidade de atingir tais objetivos, que dependem de medidas politicamente
controversas. A receita de impostos, derrubada pela brutal recessão, demora
mais que o imaginado para se recuperar. Nesse contexto, a revisão dos cálculos
é imposição do realismo. A condução do processo, entretanto, foi desastrada. Durante
três semanas, o governo deixou que prosperasse uma babel de declarações
oficiais e especulações anônimas, variando de estudos para alta de tributos a
demandas partidárias pela expansão de despesas. Ao que parece, a relativa tranqüilidade
dos mercados em boa parte ajudada pelo cenário internacional favorável nublou a
percepção de perigo das autoridades. Se é defensável evitar aperto exagerado
imposto aos ministérios, dado que os gastos respeitam o teto inscrito na
Constituição, o Executivo e o Congresso precisam mostrar plena compreensão de
que o estado das finanças públicas continua trágico. Cada centavo a mais de déficit
será incorporado à dívida governamental em escalada contínua, sobre a qual
incidem juros que estão entre os mais elevados do mundo. Mais uma vez, o país
se viu ameaçado por novo corte de sua nota de crédito, que seria o quarto desde
2014. E da confiança de que o Tesouro Nacional se manterá solvente depende a
retomada dos investimentos privados e, em conseqüência, da atividade econômica.
Isso é fato no que se torna o governo um cabedal de controvérsias.
Antônio Scarcela Jorge.
Nenhum comentário:
Postar um comentário