quinta-feira, 3 de agosto de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 3 DE AGOSTO DE 2017








COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
O IMPERIALISMO CORPORATIVISTA

Nobres:
Numa situação singular que evidencia a política do país, onde a Constituição em sua prática se mista do presidencialismo/parlamentarismo onde a forma é o presidente da República ser o chefe de Estado e de Governo brasileiro, mesmo assim, implica a dependência do Congresso Nacional e ou a separação bicameral das duas casas legislativas. A analisar este questionamento direciona o imperativo corporativista em ações meramente política. Neste contexto é que se pode conclamar este empenho para votação do processo que envolve o Presidente Temer não é apenas técnica; é também (e talvez principalmente) uma votação política. E aqui residem as maiores diferenças entre Dilma e Temer: enquanto cada dia a mais de permanência da petista no Planalto significava o aprofundamento da crise econômica em que ela lançou o país e que tinha como fator importante as “pedaladas” pelas quais ela era julgada, a gestão Temer tem tido a coragem de propor avanços de cunho liberal e que se propõe a conter a gastança desenfreada que marcou a “nova matriz econômica” petista. A reforma trabalhista, a PEC do teto e a terceirização já passaram pelo Congresso; falta a reforma da Previdência, sumamente necessária. E os votos “políticos” podem desta se dividir em várias categorias: há os que, ainda hoje e apesar de toda a legalidade do processo de impeachment de Dilma, vêem Temer como “golpista” e votariam por sua saída ainda que ele fosse, comprovadamente, a alma mais honesta deste país (para tomar emprestada a expressão megalomaníaca de Lula) e seu governo tivesse solucionado todos os problemas econômicos. Há os que estão convencidos de que sua permanência no Planalto é imprescindível para seguir adiante com as reformas, e que seu julgamento pode ficar para depois de 2018; e, por fim, há os que foram “convencidos” com a liberação de alguma emenda ou com a indicação (ou ameaça de remoção) de algum apadrinhado. O balcão de negócios pode não ser tão escancarado quanto o que Lula montou em um hotel de Brasília às vésperas da votação do impeachment de Dilma, mas quem negaria sua existência hoje, se o mesmo expediente o único que alguns parlamentares entendem, foi usado pelos aliados de Temer durante a votação das reformas? Ainda que a denúncia seja suficiente para justificar o aval dos deputados ao seu prosseguimento, o mais provável é que o resultado da Comissão de Constituição e Justiça se repitam e Temer escape da acusação se o governo não tivesse a certeza da vitória, não estaria interessado em resolver o assunto o quanto antes. Os números da votação devem mostrar, no entanto, se Temer terá força para aprovar mais reformas relevantes ou se a base de apoio bastará apenas para mantê-lo no Planalto, sem capacidade de seguir mudando o país. É uma excrescência no formato constitucional.

Antônio Scarcela Jorge.

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