quarta-feira, 21 de abril de 2021

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
PANDEMIA & PANDEMIA
 
Nobres:
Descrevemos tudo isso presentemente no Brasil e mais tarde com o fim da pandemia e, com a continuação das nossas vidas, após a almejada imunidade. As incoerências da liberdade, no Brasil, com os desprendidos e destroçados pela bestialidade econômica do vírus, assistiremos ao caos dos “refugiados” da pandemia. Os vitoriosos, sobrevividos com posses, continuarão o júbilo da vitória sobre a morte, mas os sem empregos ou posses, não terão de onde reconstruir suas vidas e viveremos uma espécie de pós-guerra. Com isso, nossa incapacidade de construir pontes, em todos os sentidos, nos fez conseguir fazer existir no Brasil, em concomitância, uma crise sanitária, econômica e política com decibéis narrativos altíssimos, de parte a parte, algo que soa quase imperceptível, ante a naturalidade que se instalou nas pessoas, ao estar sempre com o dedo em riste, para um e para o outro, tratando das vidas de todos, tal qual objeto de afirmação de seu credo. Reflito que essa nossa guerra começou bem antes, lá atrás, deflagrada no ano de 2013, com os movimentos de rua que ainda não foram assimilados ou bem interpretados por toda nossa classe política. O ano de 2013 não acabou até hoje. Em seu périplo de lá para cá, tivemos um impeachment de uma presidente da República, uma eleição, sem precedentes e algum, além da malfadada pandemia, tratada de assim como com desídia por alguns governos estaduais, vide o caso do Rio de Janeiro, pobre Rio de Janeiro, apenas para citar um exemplo notório. O fato é que estamos, no presente, vendo ressurgir outra nova tensão à vista, o que chamo de briga de um suposto futuro com um improvável passado, operando-se no presente caótico de uma ficção perfeitamente adaptável à realidade política do Brasil como palíndromo que e 2013 e insistir nesse palíndromo são brincar à beira do precipício. Denegar, definitivamente, em cair nas pegadinhas retóricas formuladas por pessoas que resumem a realidade a um sistema binário de bem contra o mal, cujos polos somente se justificam com os sinais do “mais” contra o “menos”, através dos quais, as narrativas se aglomeram em terror acerca do valor único de cada um desses mesmos polos, tornando impossível a existência de um meio, de um centro. O Brasil precisa de um descanso que desde 2013 estamos vivendo em guerra. Uma guerra infinda, insistentemente pelejada entre supostos futuro e o passado, a despeito do assombro presente em tantas pessoas que, absolutamente, não se interessam por ela, mas que dela padecem como condenados a um presente insólito, formulado pelas retóricas convenientes. É que sempre digo.
Antônio Scarcela Jorge.

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