sexta-feira, 2 de abril de 2021

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SEXTA-FEIRA, 2 DE ABRIL DE 2021 (POSTADO ÀS 9:05 H)

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
E O CIRCO DA VIDA
PEGAR FOGO
 
Nobres:
Nesta sexta-feira santa onde parte da humanidade revência a paixão e morte de Cristo, são evidentes a oportunidade de se instar a traição. É o dia a traição e dos modernistas “traíras” uma figura desamparada e ao mesmo tempo em que é venerada e em parte aceita por uma humanidade sem caráter. É universalmente falando os cognominados amigos usam da fofoca como elemento de traição e quem verem o circo pegar fogo para rir da desgraça alheia. Discorro do outro fuxico, do verbo fuxicar, no significado de fazer intriga, mexericar, daquela atitude desajeitada de tomar um fato e moldá-lo ao seu sentido e desejo que, apanhado por outros tantos fuxiqueiros, terminam por desenhar uma realidade disforme, simulacro da verdade, corrompida de origem pelo atalho tomado pelo invejoso ou mendaz que busca, em última análise, se comprazer escondido, ante a corrente de falas que repetem aquele seu furo de intriga. O fuxico é uma espécie de “reiuno” de uma conversa. Pequeno excerto de textos, diálogos, conversas, discussões que, a mercê da sinceridade debatida, tornam-se, na mão de um fuxiqueiro, vau, no oceano de palavras e contexto, na qual a conversa ou a história foram contadas, e que, após a ação sibilina dessa figura, ganham mundo, sem freios e contrapesos. O fuxico não se associa à incapacidade de guardar segredo! É diferente. É possível ao ser humano, em determinadas circunstâncias, deixar escapar algo, sem que, intencionalmente, tenha tido desejo de fazê-lo. O fuxico carrega consigo o dolo, jamais a culpa de uma imprudência, negligência ou imperícia. O ato em si de propagar um fato ou uma palavra fora de contexto, com o interesse menor de criticar, ou desdenhar, querendo eco para a farsa pretendida é, essencialmente, o fuxicar. O fuxiqueiro, em última análise, também não poderia se qualificar apenas como traidor, apesar de trair a confiança de uma conversa, de uma amizade, ou de uma afinidade. O fuxiqueiro é espécie do gênero traição. Seria dar demasiado tamanho histórico a um fuxiqueiro, pois impossível compará-lo aos grandes exemplos de traição, como Brutus, Domingos Fernandes Calabar, Tommaso Buscetta, Silvério dos Reis; ou, o mais famoso de todos, Judas; este é uma desgraça, denota a real personalidade oculta de seus íntimos. A espécie a qual me refiro gosta de propagar, de forma sub-reptícia, alguma história. Esse tipo sabe, quase sempre, tudo da vida alheia, da qual erigem trevas, múltiplo de insinuações para mercê dos receptores, ver a sua intuição tomada sempre à socapa, de alguma conversa ou de alguém, fazer repercutir adiante no intuito da sorrelfa imperar no senso comum, e tudo se esvair na versão pretendida. Não deixa de ser o fuxiqueiro um entropigaitado. Em sua essência, quando tira do contexto algum fato ou palavra e dá a ele a sua versão, opera como uma traquitanada, sem rumo certo, batendo aqui ou acolá, nas repercussões miméticas dos outros, sempre à espera do aplauso ao blefe. Por isso, às vezes, na classe da traição, é visto como menor. Talvez, estejam se indagando, qual a importância de se refletir sobre o fuxico no mundo atual? Posso explicar agora, ao final. Numa sociedade, como a nossa, pródiga com a busca da verdade, composta de eguariços públicos e privados, que gostam de macaquear as ideias não originais, que venera o aplauso fácil, isso ou aquilo por vagidos de cliques a partir da consagração da perseguição ao outro, sem respeito à opinião em contrário, que milita em sua crença, sem qualquer cuidado com a experiência real, ou com o próximo, pois este é quem tem que se curvar ao que se pensa é o fuxico, será, sempre, a prova do caráter nacional, e como prova, será aceito por todos, para a felicidade geral da Nação, ao e concluir de que  tudo é verdadeiro.
Antônio Scarcela Jorge.

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