quinta-feira, 21 de junho de 2018

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - QUINTA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2018


COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge

RETROCESSO LATENTE


Nobres:
Parecerem-nos serem imutáveis as ações de poder como estima os nossos governantes. Na realidade o tempo passa a realidade muda e impõe transformações aptas a acompanhar o avançar do calendário. A observação vem a propósito da viagem de Michel Temer ao Paraguai para participar da Reunião do MERCOSUL. Sem vice-presidente, o substituto legal é o presidente da Câmara e, na ausência dele, o presidente do Senado. Em razão das regras eleitorais, porém, ambos precisaram deixar o país para não tomar assento no Palácio do Planalto. Caso o fizesse nos seis meses que antecedem o pleito, não poderiam disputar outro cargo senão a Presidência da República. Assim, a ministra Carmen Lúcia, a seguinte na linha sucessória, assumiu a chefia do Executivo por algumas horas. Com o retorno de Temer, todos voltam para casa. Trata-se de exemplo da impassibilidade das árvores diante do vento que sopra. Mantém-se regra antiga, de época em que a comunicação era lenta, difícil, com risco de extravio. Não é o caso desta altura do século 21. Na era da internet, trocam-se informações em tempo real. Além de mensagens escritas, telefone, videocâmaras e videoconferências encontram-se à mão, fáceis e descomplicados como andar pra frente. A ausência de Rodrigo Maia e Eunício Oliveira chama a atenção, mais uma vez, para a paralisia do Congresso Nacional. Com a taxa de desemprego que beira 14 milhões de pessoas e a de desalento que soma outro tanto, o país não pode se dar ao luxo de adiar soluções indispensáveis para destravar o desenvolvimento nacional. Pautas urgentes ficam esquecidas sai mês, entra mês, sai ano, entra ano. Os interessados cobram avanços, especialistas esclarecem as razões da urgência, a imprensa divulga o problema. Mas a resposta não vem. Entre os projetos que aguardam na fila, alguns sobressaem. A reforma tributária há muito esperada para simplificar o esquizofrênico sistema de cobrança de impostos. A privatização da Eletrobrás deficitária, sem capacidade de investimento e sujeita a interferências políticas. Não só engrossa a fila de espera o cadastro positivo, a desoneração da folha de pagamento, a racionalização da concessão de subsídios. Há pouca perspectiva de avanço em votações de temas substantivos neste ano. Neste mês de junho, com a Copa do Mundo e as festas juninas, dificilmente os parlamentares se debruçarão sobre os grandes temas de interesse nacional. Em julho, o calendário marca recesso parlamentar. Em seguida, começa a campanha eleitoral. Deputados e senadores concentrarão esforços nas bases em busca de votos. Resultado: adiar-se-á, mais uma vez, o inadiável.
Antônio Scarcela Jorge.


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