COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
JOVENS
COM ANSEIO EM DEIXAR O BRASIL
Nobres:
Considerando a desorganização de
gestão que os poderes da União da República, especialmente o Executivo e
Legislativo em respectivo, em um dos meios, levou a Data Folha pesquisar com
estatística atualizada com a população brasileira e, constatou que 62% dos
jovens gostariam de deixar o país para morar no exterior. É um percentual alto
que mostra muita insatisfação da população com a vida aqui em nosso país.
Estudamos com profundidade a extensa consulta que estimou comparativos entre os
anos oitenta e início dos anos noventa. Período difícil aqui, assim como hoje,
tendo a violência e a baixa perspectiva econômica, dado o crescimento econômico
lento, como principais determinantes da situação complicada porque passávamos.
Temos situação semelhante hoje. Entretanto, não se via esse desejo dos jovens
de saírem do país como hoje. Mesmo os que lá fora estavam, sonhavam em voltar a
residir aqui, ao término da temporada de “exílio” a que se propunham. Isso significa
que há outros determinantes nas diferenças de aspirações dos jovens entre os
dois períodos. A economia naqueles tempos também andava lenta e aos pequenos
solavancos. Segundo os pesquisados enquanto estiverem fora do Brasil, o
desempenho econômico que leva à decisão das está sendo pior do que
recentemente. Apesar disso, poucos viam a opção de morar fora como uma boa
alternativa. Hoje vemos muita gente querendo ir embora. Os determinantes
econômicos apenas, então, não devem explicar a diferença de postura dos jovens.
A segurança certamente é um dos determinantes para boa parte dos que pretendem
sair do país atualmente. Hoje é perigoso andar nas ruas brasileiras a
criminalidade era mais chocante nos anos oitenta e noventa, pois as polícias
possuíam menos tecnologias para reprimir o crime. Apesar de que a situação hoje
também está muito complicada, qualquer que seja a diferença em níveis de
violência, ela será pequena e não é suficiente para justificar a mudança na
postura das pessoas. Ou seja, a violência também não explica as diferenças de
comportamento. O que mudou bastante foi a visão que as pessoas têm do nosso
país. Na época, estávamos em processo de reconstrução democrática e parte
grande da população sentia-se como partícipe dele. Mesmo com as dificuldades,
as pessoas se sentiam inseridas nessa reconstrução. Percebiam que em tal
processo haveria oportunidades, em que o esforço e a seriedade levariam a mais
prosperidade individual e coletiva. Ou seja, apesar das piores condições de
vida existentes, havia percepção de perspectivas e oportunidades claras de
prosperidade para a maior parte da população, cujo caminho poderia ser
pavimentado sobre pilares éticos adequados à maioria. Hoje as pessoas veem como
um estorvo ser brasileiro e ter nascido aqui. Acreditam que o país proporciona
poucas perspectivas de melhoria de vida, independentemente do nível de esforço
que despendam. Por isso, sonham com a oportunidade de emigrar para países mais
desenvolvidos, em que haja maiores perspectivas de ver seus esforços
recompensados. O Brasil perdeu o encanto. As pessoas não se veem mais como
parte de um processo de construção coletiva. Talvez a grande diferença decorra
do fato de que na época vislumbrávamos a construção de instituições inclusivas,
que fariam com que a maioria da população viesse a ser parte de um projeto
coletivo de melhoria de vida. Hoje a realidade é outra. Tivemos um Estado
capturado por dois grandes grupos: a burocracia estatal, que se apodera de
parte substancial das riquezas geradas no país com muito trabalho e esforço pela
maioria da população; e os corruptos que sangram o Estado e a sociedade, junto
com a burocracia. Uns o fazem de forma legal, utilizando-se de privilégios
adquiridos e mecanismos legalmente estabelecidos. Outros “bandos” se utilizam
de métodos ilícitos. Mas ambos saqueiam a população e retiram suas
perspectivas.
Antônio Scarcela Jorge.
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