COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
ANTEVISÃO POR APOSIÇÃO
Nobres:
Estamos
perplexos com os últimos acontecimentos na esteira corrupta do país. Antes,
eleição tinha o dom de acender a luz da esperança, era o momento em que o povo
exercia o direito de votar e se manifestar livremente. Mas o resultado
constituiria o termômetro importante para os políticos e informava a
necessidade de mudança ou de manutenção dos caminhos traçados pelo governo. Esse
cenário, natural nas democracias, poderá não constitui a realidade. Um exemplo
torna-se um alerta que ocorreu recentemente na Venezuela. No vizinho país, foi
às urnas, mas, longe de exercitar a liberdade de escolha, a população obedeceu
a script previamente preparado. No comando nacional há 19 anos, o regime
instituído por Hugo Chávez e mantido por Nicolás Maduro, fincou raízes tão
profundas que parece se eternizar no poder, projeto político de LULA a exemplo
de outros marginais, comanda todas as ações da política e está em campanha,
fato similar e vergonhoso para as instituições de mando neste país. Na
Venezuela controlar as forças armadas, o Judiciário e um Legislativo espúrio,
conquistado à custa da corrupção. Quando elegeu a maioria das cadeiras na
Assembleia Nacional, a oposição ganhou, mas não levou. Maduro respondeu com a
criação da Assembleia Constituinte, formada por governistas. Ao mesmo tempo,
asfixiou os opositores com a proposta de tal de Socialismo do Século 21. O
projeto, gestado em período em que Caracas surfava nos petrodólares, mostrou a
face cruel à medida que a abundância foi dando vez à escassez. Há, ali, aliança
da corrupção com o narcotráfico, no qual está envolvida parcela das Forças
Armadas. A crise transformou a antes próspera nação em escombro social e
econômico. Os números falam alto. Em 2018, a inflação ultrapassou 13.000%. O
Produto Interno Bruto (PIB) despencou 45% nos cinco anos do governo Maduro.
Mais de meio milhão de venezuelanos emigraram: 500 mil atravessaram a fronteira
colombiana; 70 mil, a brasileira. Outros estão de malas prontas. Eles fogem da
privação. Lá se conjuga o verbo faltar: falta comida, falta água potável falta
remédio, falta combustível, falta energia, faltam produtos de limpeza. Foi
nessas condições políticas, sociais e econômicas deterioradas que o povo foi
convocado às urnas sem as garantias democráticas. Não surpreende, pois, a
abstenção de 53% dos 20,5 milhões de eleitores registrados. Nem a vitória de
Nicolás Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral, com dois terços da
parcela ínfima que compareceu às urnas. Nem o esperneio da oposição, que pede
intervenção militar. Tampouco surpreende o fato de a maioria dos países não
terem reconhecido as eleições. A maior parte dos Estados sul-americanos,
incluídos Brasil e Colômbia (fundamentais para fins comerciais de Caracas) condenou
o pleito. Canadá, México, MERCOSUL, o Grupo de Lima e a União Europeia fizeram
o mesmo. Os Estados Unidos impõem sansões na área de petróleo. O quadro de
isolamento pode derrubar o regime. É questão de tempo. Pode haver a lamentável coincidência.
Antônio Scarcela Jorge.
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