sábado, 9 de dezembro de 2017

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SÁBADO, 9 DE DEZEMBRO DE 2017

COMENTÁRIO­
Scarcela Jorge
FORO PRIVILEGIADO

Nobres:
Nos últimos anos a questão do foro tem estado em evidência, com autoridades beneficiando-se dessa prerrogativa diante de acusações de crimes de corrupção.  O instrumento está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Congresso. No STF, sete dos 11 ministros votaram a favor da restrição do alcance do foro, no sentido de que o instrumento seja utilizado somente com acusações relacionadas ao mandato do parlamentar e praticada no período em que ele esteja exercendo o cargo.  Sete em 11 já é uma folgada maioria, mas a decisão final ainda não saiu, porque o ministro Dias Toffoli pediu vistas do processo. Não há data marcada para a continuidade do julgamento. Parece algo óbvio: o foro privilegiado deveria servir apenas para processos relacionados ao exercício do mandato, e quando o suposto crime cometido estivesse relacionado diretamente à função pública. Mas entre o óbvio e o real, como nós sabemos, às vezes há uma distância considerável, dependendo dos protagonistas envolvidos. Os brasileiros têm externado de várias maneiras que desejam o fim de privilégios, que não haja classes mais iguais que outras, sobretudo no que tange a brechas para escapar de processos. Mesmo no Congresso há diversas vozes que ecoam este sentimento. Entre as diversas propostas em debate na Câmara prevê a extinção do foro para casos de crimes comuns praticados por deputados e senadores, governadores, prefeitos, ministros de tribunais superiores, embaixadores, comandantes das Forças Armadas, integrantes de tribunais federais, juízes federais, membros do Ministério Público, procurador-geral da República e membros dos conselhos de Justiça e do Ministério Público. O foro privilegiado ficaria apenas para presidente e vice-presidente da República, presidente do STF e presidentes da Câmara e do Senado. É uma proposta mais ampla do que a tese votada no STF. Em termos de propostas, STF e Câmara avançaram em um tema delicado.  Mas entre o que é proposto e o que se torna realidade muitas vezes há um descompasso. Resta-nos aguardar que, o mais breve possível, os dois poderes cheguem a um consenso e a uma decisão final, dando ouvidos às demandas da sociedade brasileira. É  que esperamos neste sentido.
Antônio Scarcela Jorge.

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